"CHANCELER" DO CLÃ

Eduardo Bolsonaro apela a Trump e Musk para pai não ser preso e implode estratégia de defesa

Em pouco mais de uma hora e meia, filho "03" expôs o conluio com o governo Trump para atingir a soberania do país e levou o pai a confrontar a estratégia do recém contratado advogado de defesa

Eduardo e Jair Bolsonaro na live em que o ex-presidente voltou a atacar a Justiça Eleitoral.Créditos: Reprodução de vídeo / Rede X
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Em uma live de pouco mais de 1 hora e meia no último sábado (15), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) colocou em xeque a estratégia de defesa do pai, Jair Bolsonaro (PL), no Supremo Tribunal Federal (STF), e expôs o conluio com o presidente dos EUA, Donald Trump, e o bilionário Elon Musk, secretário de "eficiência" do governo estadunidense, para pressionar autoridades brasileiras por meio de ameaças e mentiras divulgadas nas redes.

Após a live, Eduardo pulverizou um trecho do vídeo em que confessa que tem ido constantemente aos EUA para articular um conluio com o governo Trump em torno da defesa de seu pai.

Atuando como uma espécie de "chanceler" do clã, Eduardo afirmou que esteve com a senadora Ashley Mood, sucessora de Marco Rubio, atual Secretário de Estado dos Estados Unidos.

"E uma parte da assessoria dela, ela herdou do Marco Rubiu. Ou seja, quando você leva a perspectiva de Brasil para esse tipo de pessoa, essa autoridade vai invariavelmente falar com o chanceler Marco Rubio, que é uma agenda super difícil. É o cara que está vendo Gaza, a guerra na Ucrânia, estava no Panamá para fazer aquele círculo de proteção dos Estados Unidos, Costa Riva, Guatemala. As questões envolvendo Groenlândia, o canal do Panamá", listou o deputado.

Mesmo com todos os afazeres, Eduardo acredita que Rubio e o governo Trump vai atacar a soberania do Brasil para intervir em favor de Bolsonaro.

"A gente está pedindo para ter um olhar especial para o Brasil. Mas, eu fiquei muito satisfeito porque quando a gente fala em USAID, eles já estão focados. E não se surpreenda se num breve futuro tiver uma delegação de parlamentares americanos para vir ao Brasil olhar essas questões de presos políticos, censura e violação de direitos humanos", disse o filho de Bolsonaro.

Em meio ao desmonte do Estado, Elon Musk insinuou em publicação na rede X que a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, a USAID citada por Eduardo, teria financiado a derrota eleitoral de Bolsonaro no Brasil.

“Se o governo dos EUA tivesse financiado a derrota de Bolsonaro por Lula, isso te incomodaria? Eu ficaria lívido. Quem está comigo nessa?”, disse o bilionário, sem provas e classificando a agência como "deep state" (uma espécie de porão do Estado) ao senador republicano Mike Lee (Utah).

Após a fake News divulgada pelo filho, Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às vésperas da denúncia da Procuradoria-Geral da República sobre a organização criminosa golpista.

Mais uma vez sem provas, Bolsonaro entrou na onda e disse que "eles fizeram uma campanha, aí sim, pode ter dinheiro de fora", se referindo ao TSE, que era presidido por Alexandre de Moraes durante as eleições de 2022.

"Se o TSE, que devia fiscalizar, usou o recurso de fora para fazer esse tipo de campanha, eu não sei o que vai acontecer aqui", emendou.

Bolsonaro ainda alegou que o incentivo aos jovens para tirarem título eleitoral "arranjou dois milhões de votos para o Lula", pois, segundo ele, os jovens votam mais na esquerda.

Implosão da defesa

Os ataques de Eduardo e de Bolsonaro à Justiça podem implodir a estratégia do advogado Celso Vilardi, que passou a comandar a defesa do ex-presidente em janeiro.

Vilardi apostava na pacificação da relação com o judiciário para que fosse feito um "julgamento técnico".

“É evidente que o julgamento de um presidente da República, num país polarizado como o nosso, tem repercussão política. Agora, uma questão é a repercussão política. O julgamento não pode ser político: tem que ser técnico, porque nós temos o Código de Processo Penal, temos a Constituição”, declarou à CNN em janeiro, quando assumiu o caso.

O advogado ainda ressaltou que é "hora de serenidade" e que "não existe nenhum tipo de problema para um julgamento técnico”, buscando colocar panos quentes na relação com o Supremo.

Antes de assumir a defesa de Bolsonaro, Vilardi havia dito, em entrevista à mesma CNN, que "não há como negar, nessa altura do campeonato, que existem indícios absolutamente claros a respeito de uma tentativa de golpe de Estado".

“O trabalho da PF é um trabalho bem feito. Tem um general confirmando, de certa forma, a existência do golpe. Temos mensagens, tem execução, tem monitoramento de um ministro do STF. Tem um plano que estava no Palácio do Planalto”, afirmou antes de assumir a defesa de Bolsonaro para "pacificar" a relação com o Judiciário.

No entanto, Eduardo Bolsonaro tem propagado que não haverá julgamento técnico e buscado se aproximar do governo Trump para exercer pressão sobre as autoridades brasileiras.

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