Todas as apostas em Brasília apontam para que a Procuradoria-Geral da República (PGR) denuncie o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) antes da próxima quarta-feira (19). A razão é simples e faz sentido. Nesta data, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá um jantar com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O receio é que, caso a denúncia ocorra após o encontro, o fato pode dar margem a interpretações de que Lula teria discutido a peça com ministros do STF e também com o o procurador-geral da República, Paulo Gonet, que também foi convidado.
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O desespero de Bolsonaro
Bolsonaro enfrenta um momento crítico em sua trajetória política. Paulo Gonet, indicou a interlocutores que a acusação está praticamente concluída e será oficializada nos próximos dias.
A denúncia se baseia em um relatório da Polícia Federal (PF), que aponta Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que visava a execução de um golpe de Estado ao término de seu mandato. O ex-presidente é acusado de crimes que podem resultar em até 28 anos de prisão.
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Diante da iminente acusação, Bolsonaro tem intensificado articulações políticas em busca de apoio. Recentemente, ele se reuniu discretamente com Gilberto Kassab, presidente do PSD, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para discutir estratégias que possam amenizar sua situação jurídica.
Aliados do ex-presidente demonstram preocupação com a possibilidade de uma condenação severa, especialmente considerando as penas já aplicadas a outros envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, que chegaram a 17 anos de prisão.
A expectativa é de que a denúncia da PGR seja robusta, fundamentada em um conjunto significativo de documentos e depoimentos que sustentam as acusações de tentativa de golpe.
A situação de Bolsonaro se agrava em um momento em que ele já enfrenta desafios políticos e jurídicos, incluindo sua inelegibilidade até 2030, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023.
Com a denúncia prestes a ser oficializada e a possibilidade de prisão se tornando cada vez mais real, Bolsonaro vê nos atos contra Lula uma tentativa desesperada de mobilizar sua base e criar um novo embate político, desviando o foco de suas próprias acusações criminais.
Entretanto, sem base legal para um impeachment de Lula e com investigações avançando, a estratégia do ex-presidente pode ter efeito contrário, evidenciando sua fragilidade e consolidando ainda mais seu isolamento no cenário político.