DESESPERADO

Bolsonaro recorre a ato pelo impeachment de Lula em meio a iminente denúncia da PGR

Ex-presidente articula manifestações para tentar mobilizar apoiadores enquanto enfrenta acusações graves que podem levá-lo à prisão

Bolsonaro recorre a ato pelo impeachment de Lula em meio a iminente denúncia da PGR.Ex-presidente Jair Bolsonaro reúne apoiadores em manifestação política na orla de Copacabana (21/04/2024)Créditos: Agência Brasil (Fernando Frazão)
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Às vésperas de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tramar um golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aposta suas fichas em um desesperado pedido de impeachment contra o presidente Lula.

De acordo com a coluna de Igor Gadelha, no portal Metrópoles, Bolsonaro pretende comparecer ao ato no Rio de Janeiro, marcado para 16 de março, e incluir na pauta a defesa do projeto de lei que concede anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

"A previsão, não é certeza porque tenho que acertar com mais gente… Eu gostaria de ir no Rio de Janeiro, no dia 16. E a pauta lá seria anistia e as questões nacionais", declarou Bolsonaro.

A escolha pelo Rio de Janeiro, e não por São Paulo, se deve ao fato de que o ato na capital paulista está sendo organizado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), considerada desafeto político do ex-presidente.

PL mobiliza atos em todo o país

Além das manifestações no Rio de Janeiro e em São Paulo, o PL pretende organizar protestos contra o governo Lula e em favor da anistia aos presos do 8 de Janeiro em todas as capitais brasileiras.

As manifestações estão sendo tratadas como uma demonstração de força da oposição, e a possível presença de Bolsonaro no ato do Rio deve impulsionar a adesão de apoiadores do ex-presidente ao movimento.

Ajuda de Elon Musk

Neste sábado, o empresário Elon Musk, dono da plataforma X e assessor próximo do presidente dos EUA, Donald Trump, compartilhou uma publicação que convoca manifestações pelo impeachment do presidente Lula. 

A postagem original, de Mario Nawfal, menciona protestos organizados em 120 cidades para o dia 16 de março. Musk, ao compartilhar o conteúdo, limitou-se a comentar: "Wow".

A publicação gerou forte repercussão no meio político brasileiro. Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, criticou a atitude do bilionário, acusando-o de usar sua plataforma para promover manifestações de grupos bolsonaristas e desrespeitar a soberania nacional.

O episódio ocorre em meio a um histórico de atritos entre Musk e autoridades brasileiras. Em 2024, o X foi temporariamente suspenso no Brasil por ordem do ministro do STF, Alexandre de Moraes, devido ao descumprimento de decisões judiciais. O acesso à plataforma só foi restabelecido após Musk cumprir as exigências legais.

A participação de Musk no debate político brasileiro evidencia o impacto das redes sociais na mobilização popular e a crescente tensão entre plataformas digitais e governos ao redor do mundo.

O desespero de Bolsonaro

Com ou sem atos nas ruas, o fato é que Bolsonaro enfrenta um momento crítico em sua trajetória política, com a PGR prestes a apresentar uma denúncia formal contra ele antes do Carnaval. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, indicou a interlocutores que a acusação está praticamente concluída e será oficializada nos próximos dias.

A denúncia se baseia em um relatório da Polícia Federal (PF), que aponta Bolsonaro como líder de uma organização criminosa que visava a execução de um golpe de Estado ao término de seu mandato. O ex-presidente é acusado de crimes que podem resultar em até 28 anos de prisão.

Diante da iminente acusação, Bolsonaro tem intensificado articulações políticas em busca de apoio. Recentemente, ele se reuniu discretamente com Gilberto Kassab, presidente do PSD, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para discutir estratégias que possam amenizar sua situação jurídica.

Aliados do ex-presidente demonstram preocupação com a possibilidade de uma condenação severa, especialmente considerando as penas já aplicadas a outros envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, que chegaram a 17 anos de prisão.

A expectativa é de que a denúncia da PGR seja robusta, fundamentada em um conjunto significativo de documentos e depoimentos que sustentam as acusações de tentativa de golpe.

A situação de Bolsonaro se agrava em um momento em que ele já enfrenta desafios políticos e jurídicos, incluindo sua inelegibilidade até 2030, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023.

Com a denúncia prestes a ser oficializada e a possibilidade de prisão se tornando cada vez mais real, Bolsonaro vê nos atos contra Lula uma tentativa desesperada de mobilizar sua base e criar um novo embate político, desviando o foco de suas próprias acusações criminais.

Entretanto, sem base legal para um impeachment de Lula e com investigações avançando, a estratégia do ex-presidente pode ter efeito contrário, evidenciando sua fragilidade e consolidando ainda mais seu isolamento no cenário político.

 

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