Às vésperas da divulgação do parecer do Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, que deve denunciar Jair Bolsonaro (PL) como principal articulador da organização criminosa (OrCrim) que tentou um golpe de Estado, aliados já se mobilizam no Congresso pensando no futuro, com o ex-presidente condenado e preso.
Líder do PL na Câmara e porta-voz de Silas Malafaia, o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) afirma que já há um plano B, caso os bolsonaristas não consigam aprovar o PL da Anistia ou destruir a Lei da Ficha Limpa.
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As duas medidas beneficiariam diretamente Bolsonaro. A primeira com a possibilidade de evitar que ele seja preso e a segunda, limitando a pena de inelegibilidade a no máximo 2 anos, poderia colocá-lo na disputa presidencial de 2026.
No entanto, nem mesmo os bolsonaristas mais radicais acreditam que as medidas passem sequer pela Câmara.
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Vice-líder do governo na Casa Legislativa, Rogério Correia (PT-MG) afirmou à Fórum que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) firmou compromisso com a base aliada para não colocar o PL da Anistia em pauta.
Além disso, segundo o parlamentar, há inconstitucionalidade na proposta, já que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai exatamente no movimento contrário, permitindo que torturadores da Ditadura Militar sejam julgados com a revisão da Lei da Anistia, de 1979.
Correia afirma ainda que já há uma sinalização de recuo entre os bolsonaristas quanto a destruir a Lei da Ficha Limpa, que causaria um desgaste político eleitoral para a ultradireita. Além disso, a Lei não incide sobre penas criminais, o que teria efeito nulo em caso de condenação e prisão do ex-presidente.
Por conta disso, Sóstenes Cavalcante tem dito "em público", segundo o Estadão, que os bolsonaristas já se preparam para uma possível condenação, que levaria Jair Bolsonaro à cadeia, assim como o candidato a vice na sua chapa, general Walter Braga Netto, que está preso desde dezembro no Comando Militar Leste, na capital fluminense.
“Se Bolsonaro lá na frente for condenado, a gente aprova outro projeto para ele”, teria dito Cavalcante, segundo o Estadão, ao tentar ludibriar os eleitores dizendo que o ex-presidente não seria beneficiado por uma nova Lei da Anistia.