CLEBER LOURENÇO

Crescem especulações sobre Paulo Pimenta na liderança do governo na Câmara

Membros do governo e parlamentares veem como positiva a troca na liderança para fortalecer a articulação política

Paulo Pimenta ao ser nomeado por Lula como ministro para reconstrução do Rio Grande do Sul.Créditos: Lucas Leffa / Secom
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As especulações sobre a saída de Paulo Pimenta da Secretaria de Comunicação Social (Secom) ganham força nos bastidores do governo, com fontes apontando que sua substituição é tratada como certa, conforme já antecipado por esta coluna. A movimentação abriria caminho para que Pimenta assumisse uma função estratégica: a liderança do governo na Câmara dos Deputados, atualmente ocupada por José Guimarães (PT-CE).

Parlamentares e membros do governo ouvidos pela coluna avaliam que a troca na liderança seria uma medida benéfica para a articulação das pautas prioritárias do governo no Legislativo. Segundo essas fontes, Pimenta é visto como um nome com maior capacidade de articulação política, especialmente em após um biênio marcado por pressões constantes do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Centrão.

Guimarães, que ocupa o posto desde o início do governo Lula, vem sendo criticado pela condução da liderança. Parlamentares apontam que o governo ficou excessivamente rendido aos interesses de Arthur Lira e do Centrão, enfraquecendo sua posição nas negociações legislativas. “Um estilo mais firme, como o de Paulo Pimenta, seria muito positivo para o governo”, afirmou um dos parlamentares ouvidos pela coluna sob condição de anonimato.

As críticas à condução de Guimarães na liderança do governo ganharam força ainda no final do ano passado, e uma fonte próxima à articulação política do Palácio do Planalto compartilhou detalhes que ilustram o desgaste. “O Guimarães não conseguiu os votos necessários para aprovar a PEC do ajuste fiscal. Faltaram 11 votos, justamente os do PSOL, que poderiam ter sido conquistados por política, mas ele preferiu vender caro o apoio do agro e do Centrão, que não entregaram os votos”, afirmou a fonte.

Ainda segundo a mesma fonte, a incapacidade de Guimarães de negociar com setores mais alinhados ideologicamente ao governo, como o PSOL, acabou enfraquecendo o Executivo. A ausência de sinalizações concretas em temas sensíveis, como a política de valorização do salário mínimo e o enfrentamento dos supersalários, foi apontada como um erro estratégico grave. “Se você perde a promessa essencial, o povo percebe. Não dá para enganar no que é essencial, e isso está se botando a perder”, completou.

A possível indicação de Pimenta para a liderança é vista como um movimento estratégico para reequilibrar o poder de articulação do governo, sobretudo em temas considerados prioritários. A avaliação é de que o ministro poderia imprimir uma postura mais firme e eficiente, reforçando o papel do Executivo no diálogo com o Legislativo.

Ainda em abril do ano passado, durante uma crise de Lira com o governo, foi o ministro que ocupou informalmente o posto de “articulador político de plantão”, fazendo com que ficasse encarregado de cuidar da articulação política do governo e fazer a interlocução para a liberação de emendas e aprovação de pautas. Na ocasião foram liberadas R$2,4 bilhões em emendas ao Congresso Nacional, com prioridade para os parlamentares mais alinhados ao governo. Como Lira não falava com ninguém no Palácio do Planalto, era o próprio Pimenta que recebia as ligações do Lira para tratar da articulação política.

O episódio acabou por valorizar ainda mais Pimenta, que, por um breve período, voltou a ter seu nome especulado para até mesmo a Casa Civil. 

Ainda não há confirmação oficial sobre a saída de Paulo Pimenta da Secom, mas, nos corredores do Palácio do Planalto, o clima de transição já é percebido. O publicitário Sidônio Palmeira, responsável pelo marketing da campanha de Lula em 2022, é um dos nomes cotados para assumir a comunicação do governo, caso a substituição de Pimenta se concretize.

Enquanto isso, as negociações continuam nos bastidores, com um objetivo claro: fortalecer a base de apoio do governo e garantir maior protagonismo nas decisões estratégicas da Câmara.

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