BRASÍLIA

Reforma ministerial: o que sabemos até agora

Disputas entre aliados e rearranjos estratégicos marcam a reforma ministerial de Lula, que busca fortalecer sua base aliada e preparar terreno para 2026

Créditos: Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em meio a intensas negociações para realizar uma ampla reforma ministerial que pode ocorrer entre fevereiro e março de 2025. A movimentação busca não apenas garantir maior governabilidade e articulação política, mas também consolidar alianças estratégicas com partidos da base aliada.

Entre as mudanças mais esperadas está a substituição de Nísia Trindade no Ministério da Saúde, considerada inevitável no Palácio do Planalto. A disputa pela pasta gerou uma intensa batalha de bastidores entre Alexandre Padilha, atual chefe da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), e Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. Lira, insatisfeito com a atuação de Padilha, trabalha para emplacar um nome de sua confiança no comando da Saúde, argumentando que um ministro alinhado à Câmara fortaleceria o diálogo entre os poderes Executivo e Legislativo.

Padilha, no entanto, conta com o apoio de Lula e do núcleo do governo, sendo visto como um dos favoritos para reassumir a pasta que já liderou em governos anteriores. Uma publicação recente do Ministério da Saúde, celebrando o aumento da cobertura vacinal infantil, destacou a imagem de Padilha ao lado de Lula e Nísia Trindade, o que foi interpretado como um sinal de sua possível nomeação.

Caso Padilha migre para o Ministério da Saúde, há rumores de que Silvio Costa Filho, atual ministro de Portos e Aeroportos, assumiria a Secretaria de Relações Institucionais. Esse movimento seria estratégico para manter o diálogo com o Centrão e garantir o apoio do Congresso em pautas importantes.

Além da disputa pela Saúde, outras mudanças estão em discussão. Paulo Pimenta, chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), segue com sua permanência no governo incerta, e sua saída é vista como uma possibilidade real.

Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, também é cogitado para assumir o Ministério da Defesa, substituindo José Múcio. A troca seria parte de uma estratégia para aumentar o controle civil sobre as Forças Armadas, algo considerado prioritário pelo governo.

Outro nome em destaque é o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cotado para assumir um ministério estratégico, como Justiça ou Indústria e Comércio. Sua entrada no governo é vista como uma forma de fortalecer o diálogo com o Legislativo e consolidar o apoio do Senado às pautas do governo Lula.

A reforma ministerial também deve servir como termômetro das forças que moldarão o governo nos próximos anos. A decisão entre Alexandre Padilha e um indicado de Lira para o Ministério da Saúde, por exemplo, reflete o equilíbrio delicado entre diferentes interesses políticos dentro da base aliada.

Enquanto o Planalto trabalha para redesenhar sua equipe, as mudanças prometem definir não apenas o tom político de 2025, mas também os rumos do governo em 2026, ano das próximas eleições presidenciais.

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