AUTORITARISMO

Elenira Vilela: crise do capitalismo faz com que a sociedade acredite que quer líderes como Hitler

À Fórum, professora analisa relações entre o novo governo de Donald Trump e regimes autoritários como nazismo e fascismo

À esquerda, Elon Musk faz gesto nazista; à direita, presidente Donald Trump.Créditos: Vídeo/Wikimedia Commons
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Nesta quarta-feira (22), a professora e sindicalista Elenira Vilela concedeu entrevista ao Fórum Onze e Meia para comentar sobre a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o cenário que se estabelece com um governo que se mostra extremista e autoritário. A professora debateu comparações entre a eleição de Trump e os governos nazista e fascista de Adolf Hitler na Alemanha e Benito Mussolini na Itália.

Um episódio que chamou atenção e repercutiu nos últimos dias foi justamente o gesto nazista do bilionário Elon Musk, que foi escolhido por Trump para assumir o Departamento de Eficiência Governamental e tem uma relação muito próximo com o presidente extremista. O discurso de Trump durante a posse, em que proferiu uma série de ataques a minorias sociais, principalmente contra a população LGBTQIAPN+ e imigrantes, além de ter reforçado o excepcionalismo americano, também repercutiu entre comparações com o governo do republicano e outros governos autoritários como nazismo e o fascismo. 

Na entrevista à Fórum, Elenira foi questionada por uma telespectadora se a eleição de Trump significava que a humanidade queria um novo Hitler no poder. Para a professora, esse cenário não é um reflexo do desejo da humanidade, mas do capitalismo. Elenira explica que a crise do capitalismo, gerada pela extrema concentração de renda, leva as pessoas a acharem que a solução para esse problema é a escolha de líderes autoritários

"A gente precisa lembrar que Hitler e Mussolini foram eleitos, eles não foram empossados em golpes de estado. Eles foram eleitos como muitos outros líderes autoritários. A gente precisa sempre olhar para quando Marx diz que a base é olhar para a economia. Ele não está dizendo que os problemas se resolvem em nível econômico, mas eles se criam lá", explica a professora. 

"Você tem hoje uma das maiores concentrações de riqueza da história da humanidade, você nunca teve tão poucas pessoas donas de patrimônios tão gigantescos", acrescenta Elenira. Essa concentração de renda provoca desigualdades profundas e extrema pobreza para a maioria da população, como é mostrado em estudos e pesquisas

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A professora também destaca a influência e o poder das redes sociais na ascensão dos extremismos no contexto atual. Elenira afirma que as redes sociais foram construídas a partir da lógica da misoginia, do racismo, da exploração capitalista e da quebra de relações sociais.

"Elas foram feitas por jovens brancos que tinham problemas de relacionamento social, que eram excluídos, que tinham dificuldades nas relações com as mulheres", diz. "Ao contrário do que as pessoas dizem sobre facas, de que a faca pode ser muito boa para cortar o alimento e pode matar uma pessoa, as redes sociais foram feitas para o mal, elas foram feitas para o racismo, para o ódio, para desarticulação, para mentira. Elas foram estruturalmente organizadas e isso está impresso no código", acrescenta a professora.

"Então, não é a humanidade que precisa. É o capitalismo que está munido de instrumentos que facilitam para que as pessoas sejam convencidas de que elas não querem, mas precisam de lideranças equivalentes ao Hitler", conclui Elenira.

Assista a entrevista completa da professora Elenira Vilela ao Fórum Onze e Meia abaixo.

 

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