De BERLIM | O gesto nazista feito por Elon Musk ao final de seu discurso na cerimônia de posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta segunda-feira (20), chocou o mundo.
O bilionário, que terá cargo no governo Trump como Secretário de Eficiência Governamental, estendeu o braço direito com a palma da mão virada para baixo, por mais de uma vez, em um gesto idêntico àquele feito por Adolf Hitler e seus seguidores durante o regime nazista na Alemanha.
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No Brasil, bolsonaristas, entre eles o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), tentaram relativizar e afastar do gesto de Musk qualquer associação ao nazismo.
Na Alemanha, país onde o nazismo foi forjado, entretanto, a imprensa vem chamando atenção para o caráter nazista do gesto. A cena protagonizada por Musk é destaque nos principais veículos de mídia alemães nesta terça-feira (21) e o termo utilizado para se referir ao gesto do bilionário é claro: "saudação a Hitler".
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O Sueddeutsche Zeitung (SD), um dos maiores jornais alemães, por exemplo, publicou uma matéria com o seguinte título: "Musk causa alvoroço com gesto que lembra saudação a Hitler". Já o Frankfurter Allgemeine (FAZ) questiona em sua manchete: "Elon Musk fez a saudação de Hitler aos apoiadores de Trump?"
O Tagesspiegel, por sua vez, repercutiu uma análise do jornalista e apresentador alemão Michel Friedman sobre o assunto. "Michel Friedman chama o gesto de saudação a Hitler de Musk de 'desgraça'", diz o título da reportagem.
Outro grande jornal alemão, o Zeit destacou em matéria no seu site que "Musk causa polêmica com um gesto semelhante ao da saudação de Hitler", mesma chamada escolhida pelo jornal Welt.
Na Alemanha, fazer a saudação utilizada por Musk na posse de Trump pode dar cadeia, pois o gesto é ilegal e considerado apologia ao nazismo, crime punido severamente pelo Código Penal alemão. A legislação prevê uma pena de até três anos de prisão ou multa, dependendo da gravidade do caso.
Instituto Brasil-Israel reage
Em publicação nas redes sociais, o Instituto Brasil-Israel, que representa o judaísmo no Brasil, manifestou "preocupação" com o gesto nazista feito por Elon Musk e Steve Bannon.
"Quando falava no comício de celebração de Donald Trump, Elon Musk pareceu concluir o discurso com uma 'saudação romana', gesto comumente associado à Alemanha nazista, onde vinha acompanhado da expressão 'Heil Hitler'. O gesto é usado pela extrema-direita em todo o mundo, particularmente na Itália. Além de Musk, quem repetiu a saudação em discurso hoje foi o ideólogo de extrema-direita Steve Bannon", diz o Instituto Brasil-Israel no início do texto.
Na sequência, a entidade relembra que, apesar de Musk se declarar um apoiador dos judeus e do governo de Benjamin Netanyahu em Israel, o bilionário vem atuando para fortalecer a extrema direita alemã. Recentemente, ele participou de uma live com Alice Weidel, candidata do AfD, partido associado ao neonazismo na Alemanha, ao cargo de chanceler federal nas eleições que serão realizadas em fevereiro. O empresário chegou a dizer que "somente o AfD pode salvar a Alemanha".
"Na comunidade judaica norte-americana, muitos expressaram preocupação com a proximidade entre Trump e Musk. Ainda que Musk se coloque como apoiador do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, é um equívoco acreditar que essa proximidade o isentaria de possuir ideias antissemitas", prossegue o Instituto Brasil-Israel.
"O bilionário, inclusive, tem endossado partidos neonazistas, como o AfD, da Alemanha, e já teceu críticas à ADL, Liga Antidifamação, além de reproduzir falas antissemitas, com ataques ao magnata judeu George Soros por suas 'tentativas de destruir a civilização ocidental'", finaliza.
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