Pablo Marçal de pedra virou vidraça. O passado dele como integrante de uma quadrilha de fraudes bancárias e as ligações do partido dele, o PRTB, com o PCC (Primeiro Comando da Capital, maior grupo criminoso do Brasil) domina o debate eleitoral para prefeito de São Paulo.
Realizado neste domingo (1) pela TV Gazeta e o canal MyNews, o debate está sendo marcado por uma atmosfera tensa e ataques pessoais entre os candidatos, apesar dos esforços dos organizadores para promover uma discussão focada em propostas para a cidade. As acusações e os apelidos pejorativos predominaram sobre o debate de soluções para os problemas da capital.
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Na primeira pergunta do debate, protagonizada por Marçal e Boulos, o tema apareceu após o psolista citar o presidente do partido de Marçal. Reportagem da Folha de S. Paulo revelou um áudio em que Leonardo Avalanche diz que tem ligação com o PCC. O candidato do PSOL também citou um vídeo que Marçal foi condenado em uma ação trabalhista em 2021.
"Ele [Marçal] foi preso por dar golpe em senhoras de idade. Ele, o presidente do partido dele, já confessou relação com o tráfico e dois assessores dele, além de tudo, trocaram um carro de luxo por cocaína. É por isso que ele é tão viciado em mentir", disse Boulos.
O atual prefeito e candidato a reeleição, Ricardo Nunes (MDB) também foi para cima do ex-coach. Ele foi acusado de envolvimento em esquemas de corrupção e criticado pela performance nas pesquisas por Marçal, que disse que "nenhum Bolsonarista mais consegue te apoiar... Você vai terminar em quarto."
Em resposta, Nunes atacou Marçal, chamando-o de "tchutchuca do PCC", uma referência às supostas conexões de Marçal com figuras do crime organizado.
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A discussão escalou com a menção de Renato Cariani, influencer e empresário ligado a Marçal, que foi indiciado pela Polícia Federal por tráfico de drogas, associação criminosa e lavagem de dinheiro, como parte de um esquema que desviava produtos químicos para a produção de drogas.
Além disso, Nunes citou Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, presidente nacional do partido de Marçal, implicado em conversas sobre sua participação na soltura de André do Rap, líder de uma facção criminosa, por meio de uma decisão judicial controversa em 2020.
Avalanche, em áudio revelado pela Folha de S. Paulo, também menciona suas ligações com Francisco Antonio Cesário da Silva, conhecido como Piauí, ex-chefe da mesma facção na favela de Paraisópolis, e destaca seu papel discreto em operações criminosas.
Banco do PCC e tráfico de droga
Datena citou reportagem do UOL que revelou um banco criado pelo PCC que movimentou R$ 8 bilhões. O apresentador também falou da investigação do MP que mira as empresas de ônibus em São Paulo. "É um roto falando do rasgado, de um condenado e outro que pode ser condenado", disse o tucano.e outubro de 2021.
Tráfico de drogas
Tabata Amaral (PSB), acusou um representante legal de Marçal de estar vinculado a um esquema de tráfico de drogas. De acordo com a candidata, Florindo Miranda Ciorlin, acusado pelo Ministério Público Federal, teria facilitado o transporte de quase cinco toneladas de cocaína da Bolívia para o Brasil, utilizando aeronaves que ele ajudou a adquirir e ocultar. Este incidente teria ocorrido antes de Ciorlin ser nomeado por Marçal como seu representante em órgãos federais.
Tabata questionou a integridade de Marçal para discutir políticas de combate à Cracolândia, dado seu suposto envolvimento com o tráfico. Além disso, ela reiterou as acusações de que o ex-coach tem conexões com o PCC, o que ela já vem apontando desde o início da campanha e com mais ênfase nos últimos dias, em uma série de vídeos publicados nas redes sociais. Ela criticou os adversários Boulos e Nunes porque eles só passaram a criticar Marçal após o influenciador crescer pesquisas.
"Não estavam querendo ressaltar um grande risco que a gente tem nessa eleição que é de um criminoso, que tem inúmeras ligações com o crime organizado, querer ser prefeito da maior cidade do país", afirmou a candidata do PSB
Fantasma do comunismo
Alvo preferencial dos outros participantes e levado às cordas pelas saraivadas de ataques, Marçal recorreu ao usual fantasma da "ameaça comunista" e acusou os demais candidatos e a candidata de formarem um "consórcio comunista desesperado" e insinuou que José Luiz Datena (PSDB) havia negociado suas desistências em eleições anteriores.
Assista ao debate
O debate teve início às 18h e é o quarto deste período eleitoral, terá duração de duas horas e está sendo transmitido ao vivo pela TV Gazeta, além dos canais do My News e do Jornal da Gazeta no YouTube.
Também participam do debate Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Tabata Amaral (PSB), Pablo Marçal (PRTB) e José Luiz Datena (PSDB).
Este é o primeiro debate na cidade desde o ocorrido em 19 de setembro, organizado pela revista "Veja", que contou com a participação de apenas três candidatos. A ausência de Nunes, Boulos e Datena no último encontro foi atribuída ao desconforto gerado pelas táticas de Pablo Marçal, que envolviam publicar vídeos editados com ataques aos adversários nas redes sociais.