PARANÁ

Ratinho Jr é denunciado ao MPF por ofensas racistas a indígenas

Governador atacou povo Avá Guarani, que realiza retomada no estado e é alvo de ataques violentos de fazendeiros

Ratinho Jr, governador do Paraná.Créditos: Agência Estadual de Notícias do Paraná
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O governador do Paraná, Carlos Roberto Massa Júnior, (PSD), conhecido como Ratinho Júnior, foi denunciado ao Ministério Público Federal (MPF) por ofensas racistas aos povos indígenas Avá Guarani.

A denúncia foi apresentada pela Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Povos Indígenas da Câmara dos Deputados e se refere a uma fala do governador durante uma entrevista à imprensa, em que se posicionava contra a retomada da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, no Oeste do Paraná. Na ocasião, Ratinho Jr. se referiu aos indígenas como "índios paraguaios".

Assinaram o documento os parlamentares do PSOL/Rede e PT, como Célia Xakriabá (PSOL), da Bancada do Cocar, Carol Dartora (PR), Erika Hilton (SP), Fernanda Melchionna (RS), Chico Alencar (RJ), Glauber Braga (RJ), Guilherme Boulos (SP), Henrique Vieira (RJ), Ivan Valente (SP), Luciene Cavalcante (SP), Luiza Erundina (SP), Sâmia Bomfim (SP), Talíria Petrone (RJ), Tarcísio Motta (RJ) e Túlio Gadêlha (PE).

Na representação, a deputada Célia Xakriabá afirma que "é inadmissível que um agente público, especialmente um governador, use seu cargo para promover o racismo e atacar direitos fundamentais garantidos pela Constituição Federal”.

O Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) também se posicionou, em nota, contra a declaração racista de Ratinho Jr. “Evidências arqueológicas e antropológicas, amplamente documentadas, atestam a ancestralidade da presença indígena na região”.

Ataques aos Avá Guarani

No dia 5 de julho deste ano, o povo indígena Avá Guarani iniciou o processo de retomada da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, delimitada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2018, após longo processo de reivindicação dos indígenas. 

No entanto, cerca de 165 fazendeiros dos municípios de Guaíra, Terra Roxa e Altônia têm trechos sobrepostos à TI, somando aproximadamente 24 mil hectares. Esses mesmos fazendeiros promovem uma série de ataques violentos aos indígenas desde o processo de retomada. 

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Na Justiça, os fazendeiros apresentaram oito ações judiciais pedindo o despejo dos Avá Guarani e conseguiram decisão favorável do juiz João Paulo Nery dos Passos Martins, responsável pelos casos na 2ª Vara Federal de Umuarama. 

Porém, na segunda-feira (5), o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) suspendeu as ordens de reintegração de posse após ações da União e da Funai. 

No entanto, os fazendeiros são apoiados pelo próprio governador Ratinho Junior; No dia 29 de julho, a  Agência de Notícias do Governo do Paraná publicou um texto e áudios do governador afirmando que iria intervir no conflito para fazer a reintegração de posse a favor dos fazendeiros. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a reintegração coloca em risco cerca de 550 pessoas, entre crianças, mulheres e idosos do povo Avá Guarani.