GUERRA NAS REDES

Moraes bloqueia recursos de empresa de Musk e Eduardo Bolsonaro pede retaliação ao Brasil

Decisão visa garantir que o "grupo econômico de fato” sob comando de Musk faça o pagamento das multas aplicadas pela Justiça brasileira à rede X. Filho de Bolsonaro pediu "reciprocidade", caso Trump seja eleito

Jair Bolsonaro com Elon Musk e Eduardo Bolsonaro com Donald Trump.Créditos: Rede X / Reprodução de Vídeo
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Antes Elon Musk fazer chacota e ameaças diante da decisão judicial sobre a Rede X no Brasil, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, solicitou o bloqueio das contas da empresa Starlink, que também pertence ao bilionário, no país.

A decisão de Moraes é do dia 18 de agosto e visa garantir que o "grupo econômico de fato” sob comando de Musk faça o pagamento das multas aplicadas pela Justiça brasileira à rede X.

Segundo Valdo Cruz, em seu blog no portal G1, "os dirigentes da Starlink no Brasil já foram notificados e intimados a responder também pelos valores devidos à Justiça brasileira pelo X".

Na rede X, que pode sair do ar caso Musk não indique um representante até a noite desta quinta-feira (29), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) classificou como "inacreditável o que está ocorrendo" e defendeu retaliação dos EUA ao Brasil.

"É simplesmente inacreditável o que está ocorrendo! A Venezuela deve ter mais segurança jurídica do que o Brasil. Vamos ver até onde vai essa gracinha, caso Donald Trump chegue à presidência dos EUA e adote reciprocidade", escreveu.

"Vai ser lindo ver grande figuras nacionais que sustentam esta piada passarem a falar verdadeiramente de 'democracia' e 'liberdade' - mas para fazer o certo e não mais esse teatrinho das instituições", emendou.

Chacota e ameaças

Em uma série de publicações na madrugada, Elon Musk fez chacota sobre a decisão de Alexandre de Moraes e ameaçou o ministro do Supremo, em um misto de ira e desdém com a sentença.

Por volta da 1h, o bilionário publicou uma foto de um homem calvo atrás das grades em um comentário no perfil do STF que divulgou a sentença e fez ameaça marcando o perfil do ministro.

"Um dia, @Alexandre, essa foto sua na prisão será real. Marque minhas palavras", disparou o bilionários, simpatizando da ultradireita bolsonarista no Brasil e que incita golpes de Estado mundo afora para defender seus interesses econômicos.

Em seguida, Musk iniciou a chacota, incitando ultradireitistas contra o ministro. "Você gosta do meu papel higiênico?", indagou o bilionário junto a uma imagem em que aparece o nome "Alexandre" em um rolo de papel.

Os ataques e ironias entraram madrugada adentro. Por volta da 1h40, Musk publicou um memme dizendo que Moraes seria como o filho de Lord Voldemort, vilão da séria Harry Potter, com Lorde Sith, que faz parte do clã que se opõe aos Jedi no universo fictício de Star Wars.

"Grok 'Gere uma imagem como se Voldemort e um Lorde Sith tivessem um filho e ele se tornasse um juiz no Brasil'. É estranho!", escreveu com o meme de Moraes.

Bloqueio do X

Em decisão divulgada na noite desta quarta-feira (28), Alexandre de Moraes deu um ultimato a Elon Musk, que vem descumprindo uma série de decisões judiciais no país, e determinou que o bilionário contrate um representante legal no país.

Caso a medida não seja cumprida em 24 horas, a decisão determina a retirada do ar da rede X no país, faltando pouco mais de 30 dias para as eleições municipais.

A medida foi necessária porque Musk anunciou no dia 17 deste mês que estava encerrando suas operações no país, ou seja, retirando seu escritório e demitindo todos os seus funcionários, sem deixar sequer um representante legal no Brasil. O funcionamento da rede para os usuários, no entanto, não seria afeto com a decisão, afirmou o bilionário naquela ocasião.

O fato é que Musk, que em várias partes do mundo, obedece às ordens de governos e de juízes por manter negócios muito lucrativos nesses países, mas no Brasil, após ver o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser derrotado por Lula (PT), resolveu esticar a corda e entrar na gritaria da extrema direita contra Moraes e o STF, reproduzindo a cantilena já batida da “luta irrestrita pela liberdade de expressão”, só porque recebe determinações para remover conteúdos criminosos.