Para causar pânico na horda de seguidores com discursos e publicações fisiológicas, Jair Bolsonaro (PL) não tem limites. Principalmente quando o tema é o "fantasma" do comunismo, alimentado há décadas pela mídia liberal e propagado pela ultradireita neofascista.
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Nesta quinta-feira (1º), o perfil oficial do ex-presidente, administrado pelo filho Carlos Bolsonaro (PL-RJ), usou a imagem da skatista Rayssa Leal, medalha de bronze nas Olimpíadas de Paris, para "pregar" contra o comunismo nas redes.
"O problema dos progressistas com o Cristianismo é o sistema de valores que este último ensina, um grande obstáculo ao avanço do comunismo", bradou em um texto confuso, ao estilo de Carlos Bolsonaro.
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Na imagem que ilustra a publicação, a skatista de 16 anos aparece de braços abertos em foto com a legenda: "Rayssa Leal pode ser punida após mandar mensagem religiosa em libras, o que é considerado proibido".
Acontece que a punição de Rayssa não tem absolutamente nada a ver com "perseguição" religiosa. Muito menos com comunismo - a França é presidida por Emmanuel Macron, de centro-direita, que inclusive se recusa a passar o governo para a Nova Frente Popular, aliança de esquerda que venceu as eleições.
Rayssa pode ser punida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) apenas por - usando um termo bolsonarista - não jogar dentro das "quatro linhas da Constituição" dos Jogos Olímpicos.
O artigo 50 da Carta Olímpica, que define as principais regras gerais da competição, afirma que “nenhum tipo de manifestação ou propaganda política, religiosa ou racial é permitida em quaisquer locais, instalações ou outras áreas olímpicas”.
A regra é clara: como há muitos países, com diversas religiões, o comitê proíbe esse tipo de manifestação até menos para não soar como ofensa ou ser usada em ataques - como é feito na política, por exemplo.
Rayssa recebeu apenas uma repreensão do COI pelo gesto e segue com a medalha de bronze, sem nem mesmo tocar no assunto.
No entanto, Bolsonaro quer usar a skatista de 16 anos em seu discurso fisiológico ilusório para ceivar o ódio e a discórdia - que nada tem a ver com religião - entre seus aliados extremistas.