A skatista Rayssa Leal, de 16 anos, usou a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para fazer uma declaração religiosa durante a competição nas Olimpíadas de Paris neste domingo (28), o que teria sido motivo de polêmica. A atleta disse a frase "Jesus é o caminho, a verdade e a vida" na linguagem de sinais em um momento em que a competição proíbe manifestações religiosas.
Ainda neste domingo (28), a atleta publicou mais uma mensagem bíblica, agradecendo pela medalha de bronze. “Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime…”, escreveu Rayssa nas redes sociais. A mensagem faz parte do versículo de Josué 1:9, da Bíblia.
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Em entrevista à imprensa, a skatista disse não saber da advertência do Comitê para o gesto feito na competição e justificou o motivo da mensagem.
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"Fiz porque faço em todas as competições. Para mim é importante, eu sou cristã, acredito muito em Deus. Ali eu pedi forças e mandei uma mensagem para todo mundo, que realmente Deus é o caminho, a verdade e a vida. Fiz em língua de sinais, porque provavelmente o microfone não ia pegar a minha voz, então foi o meio que achei de comunicar com todo mundo. Eu acho isso muito importante", destacou. “Se eu peguei advertência eu não tô sabendo ainda não, porque não chegou em mim ainda não, isso daí. Se eu pegar alguma advertência a gente vai descobrir mais tarde.”
A jovem é evangélica e faz parte da Igreja Batista em Imperatriz, no Maranhão. Rayssa tem um histórico de manifestações públicas de gratidão a Deus tanto em competições quanto em suas redes sociais. A "Fadinha", ganhou a medalha de bronze no skate street feminino e já fez história: além de ter batido recorde com a maior nota da história da modalidade em Olimpíadas na fase de manobras (92,88), a jovem se tornou a primeira atleta na história a conquistar duas medalhas olímpicas antes dos 17 anos em dois jogos olímpicos diferentes. Em 2021, levou a medalha de prata em Tóquio.
Na primeira etapa Rayssa não foi tão bem, mas se recuperou e conseguiu se classificar para a final sob forte incentivo da torcida brasileira. Já na última etapa, a skatista acertou uma boa manobra e conquistou 88,96 pontos, terminando em terceiro lugar, com pontuação total de 253.37. A medalha de ouro foi para a japonesa Coco Yoshizawa, que somou 269.93, e a prata para a também japonesa Liz Akama, com 265.95.
A abertura dos Jogos, que disse valorizar a diversidade, é uma das que não estão valorizando. A ministra francesa dos Esportes, Amélie Oudéa-Castéra, em 2023, proibiu o uso de símbolos religiosos nas Olimpíadas. A medida afetou diretamente atletas muçulmanas que utilizam o hijab. Algumas delas, inclusive, desistiram de participar da cerimônia de abertura dos Jogos.
A decisão vai de acordo com uma lei aprovada pela extrema direita que proíbe que cidadãos usem o véu islâmico hijab, um acessório usado por mulheres muçulmanas que cobre quase todo o rosto. A justificativa para essa proibição é que o hijab poderia “facilitar supostos atentados terroristas”, resultando em uma regulamentação xenofóbica.