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O ambicioso plano do IBGE para unificar dados até 2026: "soberania"

Márcio Pochmann revela projeto para criação de um complexo sistema nacional de informações

IBGE anuncia novo plano para Sistema Nacional de Dados
IBGE anuncia novo plano para Sistema Nacional de DadosCréditos: Geraldo Magela/Agência Senado
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Em entrevista à Agência Brasil publicada nesta terça-feira (9), o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Márcio Pochmann revelou que possui um plano para a criação de um Sistema Nacional de Dados.

Na visão do comandante do instituto, é necessário readaptar um sistema de informações, com dados públicos e privados anonimizados, para garantir que o Brasil construa e controle seus dados de maneira soberana.

"Nesse início do século 21, a questão que emerge é justamente a soberania de dados, porque, na realidade, pela transformação digital, os nossos dados pessoais e também de empresas e instituições passaram a servir de modelo de negócio para um oligopólio mundial que controla esses dados pessoais, individuais e utiliza, de acordo com os seus interesses, que não são interesses necessariamente nacionais", afirma Pochmann à Abr.

O plano do Sistema Nacional de Dados

Márcio Pochmann quer que governo transforme coleção de dados do analógico para o digital (Foto: Tânia Rego/Abr)

A proposta é que até o ano de 2026, o IBGE tenha controle amplo sobre os dados de maneira interconectada sobre a realidade brasileira ampla.

"A ideia que nós estamos trabalhando é a de recolocar o tema da coordenação dos dados oficiais do Brasil interconectando esses diferentes bancos de dados, registros administrativos, que permitiria aos gestores públicos e à sociedade conhecer melhor a realidade a partir do território. Essa é a ideia do IBGE: voltar a ser o grande coordenador das informações estatísticas, dos dados oficiais", afirmou.

O chefe do IBGE afirmou que a ideia é enviar um projeto de lei para o parlamento que consiga formalizar essa estrutura para botar o projeto em prática o mais rápido possível.

"O IBGE faz um censo (a cada dez anos), enquanto que as big techs fazem um censo diário", explica. A ideia é que o órgão tenha a possibilidade de coletar dados anonimizado sobre os brasileiros sem vendê-los ou vazá-los para outras entidades.

"[O IBGE] é a instituição que tem credibilidade que vai à casa das pessoas. As pessoas informam porque acreditam que aquelas informações não serão publicizadas. Ele cita um exemplo:

"Por exemplo, agora, durante a tragédia no Rio Grande do Sul, quantas pessoas foram atingidas, o que elas fizeram e como se deslocaram? É possível saber isso pelo movimento do celular", explica Pochmann. "É um prejuízo para o país porque não dispõe dessas informações que permitiriam atuar de forma mais rápida diante de circunstâncias pelas quais ainda operamos de forma analógica e não digital", completa.

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