RACISMO AMBIENTAL

População negra tem as piores condições de saneamento básico no país, aponta IBGE

Serviço ainda não chega para 49 milhões de brasileiros; pretos e pardos representam a maioria nesse grupo

Saneamento básico ainda não chega para 49 milhões de brasileiros.Créditos: Sophia Cabral/Prefeitura Municipal de Colombo
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O Brasil ainda enfrenta o desafio de levar saneamento básico para toda a sua população. E em um país onde o racismo ambiental impera, as populações pretas e pardas são as que mais sofrem sem um serviço adequado de tratamento de esgoto e água encanada.

De acordo com o Censo 2022 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (23), 49 milhões de pessoas ainda não possuem saneamento sanitário e 4,8 milhões não possuem água encanada. Do total de pessoas sem tais serviços, as pessoas negras (pardas e pretas) representam 68,6% do total. 

Para Bruno Perez, analista da pesquisa, esse cenário se explica, em parte, à distribuição regional desses grupos, “com presença maior da população de cor ou raça preta, parda e indígena no Norte e Nordeste, regiões com menor infraestrutura de saneamento”.

Em todos os 20 municípios brasileiros mais populosos, a população de cor ou raça branca têm mais acesso a abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo do que a população de cor ou raça preta, parda e indígena”, conclui Bruno.

A pesquisa também mostra que 39 milhões de pessoas ainda despejam seus dejetos em fossas rudimentares ou buracos, e mais de 4 milhões em rios, lagos ou o mar. Além disso, 1,2 milhão vivem em lares sem pelo menos um banheiro.

Em relação ao recorte regional, a população da Região Norte é a que tem menos pessoas com acesso ao saneamento básico, apenas 46,4%, enquanto a Região Sudeste lidera, com  90,7% de acesso.

Veja outros dados da pesquisa:

  • Coleta direta ou indireta de lixo atendia 90,9% da população em 2022. Os tipos de descarte mais frequentes foram o “Coletado no domicílio por serviço de limpeza” (82,5%) e o “Depositado em caçamba de serviço de limpeza” (8,4%);
  •  16,4 milhões de domicílios apresentam soluções de esgotamento sanitário precárias;
  • O lixo domiciliar de 7,9% das pessoas era “Queimado na propriedade”, enquanto para 0,3% delas ele era “Enterrado na propriedade;
  • Em 2022, as faixas etárias mais jovens apresentaram maior incidência de situação de precariedade no acesso a saneamento básico.