CASO MARIELLE

Conselho de Ética ouve testemunhas no processo contra Chiquinho Brazão

Tarcísio Motta (PSOL), um dos políticos monitorados por Ronnie Lessa a mando do deputado, será um das testemunhas

Deputado federal Chiquinho Brazão.Créditos: Mario Agra/Câmara dos Deputados
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Conselho de Ética da Câmara dos Deputados começa, nesta terça-feira (9), a ouvir as testemunhas do processo contra o deputado Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco

A primeira testemunha a ser ouvida será o deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ), indicado pela deputada Jack Rocha (PT-ES), relatora do processo. O parlamentar foi citado na delação premiada de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, como um dos políticos monitorados a mando dos irmãos Brazão.

A oitiva do deputado já chegou a ser marcada três vezes, mas não foi realizada. A última vez foi na semana passada.

A sessão desta terça-feira tem início às 14h. 

Testemunhas de Brazão

Na mesma sessão também serão ouvidas as testemunhas indicadas pela defesa de Chiquinho Brazão e, dentre elas, está o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). O deputado chegou a ser ex-secretário municipal de Ação Comunitária na gestão de Paes em 2023. 

Além do prefeito, outras oito pessoas foram indicadas como testemunhas de Brazão. São elas:

  • Jorge Miguel Felippe - Vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro;
  • Willian Coelho - Vereador da Câmara Municipal do Rio de Janeiro;
  • Marcos Rodrigues Martins - Assessor da Câmara Municipal do Rio de Janeiro;
  • Thiago Kwiatkowski Ribeiro - Conselheiro Vice-Presidente do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro;
  • Ronald Paulo Alves Pereira - Major acusado de monitorar a rotina da Vereadora Marielle - recolhido na Penitenciária Federal em Mato Grosso do Sul;
  • Elcio Vieira de Queiroz - Ex-PM acusado de ser um dos executores da Vereadora Marielle - recolhido no Complexo Penitenciário da Papuda.

O deputado Reimont (PT-RJ) também foi convocado, mas declinou do convite, segundo informações da Agência Câmara. Os outros convocados também ainda não confirmaram presença nesta terça.

Mandante do crime

No dia 24 de março, Chiquinho Brazão e Domingos Brazão foram presos pela Polícia Federal (PF) após serem apontados como os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018. Além deles, o delegado Rivaldo Barbosa também foi detido.

Domingos Brazão atuava como conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e Chiquinho Brazão como deputado federal do Rio de Janeiro. 

As prisões foram realizadas na operação "Murder Inc.", deflagrada de forma conjunta entre a PF, Procuradoria-Geral da República (PGR) e Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Além das detenções, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, todos no Rio de Janeiro, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

Os nomes dos mandantes do crime foram obtidos a partir da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, que está preso desde 2019. 

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Motivação do crime

Em vídeo divulgado da delação de Lessa, o ex-policial revela a motivação para o assassinato de Marielle.

Segundo seu depoimento, ele não foi contratado simplesmente para ser um matador de aluguel, mas sim para compor uma "sociedade". A promessa seria que, assassinando Marielle, ele e um um de seus comparsas, o ex-PM Edimilson de Oliveira, conhecido como Macalé, controlariam um loteamento clandestino em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, avaliado em milhões de reais, criando assim uma nova milícia. 

No loteamento, Lessa e Macalé explorariam serviços como o de TV por assinatura não autorizada, conhecido como gatonet, transporte alternativo clandestino, venda de gás, entre outros, que renderiam um lucro de cerca de R$ 100 milhões. Este, segundo Lessa, seria o "negócio de sua vida". 

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