Carlos Alberto Viana Montarroyos era assessor de Cláudio Castro (PL-RJ) em 2019, quando foi convidado por Jair Bolsonaro (PL) a deixar a assessoria do então vice-governador do Rio de Janeiro para integrar o gabinete pessoal do ex-presidente como “colaborador”. Segundo a Polícia Federal, a contratação só ocorreu depois que Montarroyos se ofereceu para ser uma espécie de informante na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Segundo a PF, ele seria uma “fonte humana”. Em depoimento à corporação que chefiou durante o último período, Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi questionado sobre a contratação de Montarroyos. Disse que não se lembrava do episódio.
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Para os investigadores, Bolsonaro contratou o homem visando obter “vantagens políticas em troca do cargo público”. Indagado, Ramagem disse que não se envolvia nos recrutamentos do Palácio do Alvorada. Também afirmou que não era prática comum pagar por informantes com o oferecimento de cargos.
A descoberta da contratação foi feita a partir de documentos presentes nos computadores e celulares de Ramagem apreendidos no âmbito da investigação da chamada Abin Paralela. Os dados apreendidos são de dezembro de 2019 e, segundo a PF, o primeiro contato com Montarroyos foi feito por um endereço de e-mail que levava o seguinte nome: “aramagem”.
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“Durante a entrevista, [Montarroyos] deixou isso [que faria as vezes de informante para Bolsonaro] claro várias vezes, insinuando que poderia conseguir mais informações se estivesse com um cargo assegurado”, diz trecho de documento encontrado com Ramagem.
Informações prestadas
Entre as informações que o aspirante a informante forneceu a Bolsonaro estaria a de que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), assinaria um acordo de delação premiada que envolveria o clã. Mas segundo o documento interceptado pela PF, ele não teria apresentado qualquer comprovação a respeito do alerta.
Os federais acreditam que a atuação de Montarroyos serviria sobretudo para informar Bolsonaro acerca de movimentações do então governo Wilson Witzel e do Ministério Público do Rio de Janeiro. Um dos alvos do informante seria Simone Sibílio, que naquele momento investigava o assassinato de Marielle Franco.
De acordo com informações do Diário Oficial do Rio de Janeiro, Montarroyos ocupou o cargo de Ajudante II do vice-governador, Cláudio Castro, entre junho de 2019 e março de 2020. Exonerado nessa data, foi nomeado ao gabinete regional da Presidência no RJ apenas dois dias depois, onde permaneceu até 13 de janeiro de 2023, quando foi demitido pelo governo Lula (PT).
À época, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) foi questionado pela Câmara dos Deputados por conta do sigilo que impôs aos dados dos servidores deste gabinete regional da Presidência.