A Polícia Federal (PF) está prestes a concluir outro inquérito contra Jair Bolsonaro e que pode culminar em mais um indiciamento contra o ex-presidente. O corregedor-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Raul Araújo, deu prazo de 5 dias para que os investigadores concluam uma apuração sobre ataques às urnas eletrônicas feitos pelo ex-chefe do Executivo.
A decisão de Araújo, apesar de ter sido proferida em 28 de junho, foi publicada no Diário de Justiça Eletrônico na última quarta-feira (24). A PF, portanto, deve concluir o inquérito e apresentá-lo ao ministro do TSE até a próxima quarta-feira (31).
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"Verifica-se que o prazo concedido para conclusão do mencionado Registro Especial nº 2021.0058802 transcorreu sem manifestação da Polícia Federal nestes autos. Diante disso, oficie-se a autoridade policial responsável para informar a esta Corregedoria-Geral os resultados das investigações referentes ao Registro Especial nº 2021.0058802, no prazo de 5 dias", diz o despacho do corregedor-geral.
A investigação, aberta em agosto de 2021, mira declarações de Bolsonaro colocando em xeque a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro, incluindo uma live feita pelo ex-presidente em que disparou a fake news de que houve fraude nas eleições de 2018. À época da abertura do inquérito, a Justiça determinou a remoção da live supracitada das redes e a desmonetização de canais de apoiadores do ex-presidente que compartilhavam a notícia falsa sobre as urnas.
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Bolsonaro indiciado no caso das joias
No início de julho, a Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro no caso das joias furtadas do acervo público da Presidência da República que foram enviadas ao exterior para serem vendidas. Os investigadores concluíram o inquérito e enviaram os autos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, relator da ação, que agora encaminhará tudo à Procuradoria-Geral da República (PGR), para que o antigo ocupante do Palácio do Planalto seja levado ao banco dos réus.
Bolsonaro deve responder pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos. Junto com ele, outras 11 pessoas foram indiciadas. São elas Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-chefe da Secom, Frederick Wassef, também advogado do ex-presidente e de outro integrantes de sua família, Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia e almirante da reserva da Marinha, José Roberto Bueno Júnior, outro oficial-general da Marinha e ex-chefe de gabinete da pasta comandada por Albuquerque, Julio Cesar Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal, Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência na gestão de Bolsonaro, Marcelo Costa Câmara e Osmar Crivelatti, ex-assessores pessoais de Bolsonaro, Marcos André dos Santos Soeiro, militar da Marinha e ex-assessor do ministro de Minas e Energia, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, antigo ajudante de ordens do ex-presidente, e o pai deste último, Mauro Cesar Lourena Cid, general da reserva do Exército Brasileiro e homem de confiança do último mandatário nacional.
A investigação contou com o auxílio, desde abril deste ano, do FBI, espécie de polícia federal dos EUA, uma vez que parte das joias desviadas foi parar em território norte-americano e chegou até mesmo a ser negociada e vendida lá. Mauro Cid disse em sua delação que seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, teria dado um pacote de dólares a Bolsonaro em setembro de 2022, durante uma viagem oficial do então chefe de Estado a Nova York, por ocasião da cerimônia de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. O dinheiro seria fruto da venda de um relógio de luxo da marca Rolex.
A somatória das penas de todos os crimes pode resultar numa condenação elevada para Bolsonaro, que tem grandes chances de ser colocado na cadeia em caso de uma sentença em seu desfavor. O ex-presidente não se pronunciou até o momento sobre o indiciamento pela PF.