CLÃ BOLSONARO

Carlos foi ao cofre no BB antes de Bolsonaro comprar duas casas no Vivendas da Barra

Cofre em agência do Banco do Brasil no centro do Rio era visitado regularmente pelos irmãos Carlos e Flávio Bolsonaro. Imóveis foram declarados por valores abaixo da avaliação e Coaf viu indícios de lavagem de dinheiro

Flávio, Jair e Carlos Bolsonaro.Créditos: Imagem: Flick Bolsonaro/Reprodução
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Locatário de um cofre em agência do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, em parceria com o irmão Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Carlos Bolsonaro (PL-RJ) esteve no local antes do pai, Jair Bolsonaro (PL) comprar as duas casas que possui no condomínio Vivendas da Barra, na zona Sul do Rio de Janeiro.

Segundo parte da investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), revelada pela jornalista Juliana Dal Piva no ICL Notícias, as duas casas foram declaradas por Bolsonaro por valores bem abaixo da avaliação de mercado.

As duas residências são ocupadas pelo próprio ex-presidente - quando está no Rio de Janeiro - e pelo filho Carlos. Elas estão localizadas próximas à casa de Ronnie Lessa, autor confesso dos tiros que assassinaram Marielle Franco e Anderson Gomes.

Segundo a reportagem, Carlos esteve no cofre - localizado em uma agência do BB no centro do Rio - às 11h36 do dia 21 de janeiro de 2009, horas antes de Bolsonaro comprar a primeira casa no condomínio.

No cartório, o clã declarou que pagou R$ 409 mil à empresa Comunicativa-2003, que havia comprado a mesma casa, em setembro de 2008, por R$ 580 mil.

À época, o imóvel foi avaliado pela prefeitura do Rio por R$ 1,06 milhão para cobrança do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).

Segundo a reportagem, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sinalizou indícios de lavagem de dinheiro com a operação.

Já o segundo imóvel, onde vive Carlos, foi comprado em 13 de dezembro de 2012, com valor declarado de R$ 500 mil. Antes de Bolsonaro efetivar a compra, Carlos esteve no cofre do BB por duas vezes - às 10h17 e 10h30.

Para cobrança de impostos, à época a prefeitura do Rio estimou um valor de R$ 2,23 milhões pela casa.

O cofre do clã

Segundo relatório elaborado pelo Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção do MP-RJ, o senador Flávio Bolsonaro (PL) também acessou o cofre um dia antes de pagar R$ 638 mil em dinheiro vivo na aquisição de dois apartamentos em 2012.

Os dados foram descobertos a partir de um cruzamento de informações das investigações que apuram peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa dentro do gabinete do vereador e também de todas as informações levantadas no procedimento que apurou os mesmos crimes no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
 
Nem mesmo os promotores que conduziram as investigações do esquema de rachadinha no MP-RJ sabiam da existência de um cofre em nome de Flávio Bolsonaro. A investigação acreditava que o fluxo de dinheiro vivo no esquema era feito exclusivamente pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, pivô do escândalo no gabinete de Flávio. O senador, porém, admitiu que guardou em casa cerca de R$ 30 mil.

Em nota, o senador afirmou que manteve "um cofre no Banco do Brasil por razões de segurança. Durante algum tempo, ele guardou itens pessoais e, posteriormente, deixou de ser necessário. Os pagamentos mencionados pela repórter não têm qualquer ligação com o cofre e estão registrados no cartório de imóveis”.