DESIGUALDADE E VIOLÊNCIA

Com Ricardo Nunes, São Paulo tem o maior número de pessoas morando na rua entre as capitais

Levantamento mostra que capital paulista lidera ranking nacional com 80 mil pessoas em situação de rua, grupo que é o maior alvo da CGM e do fundador do MBL, o vereador Rubinho Nunes

Pessoas em situação de rua em São Paulo.Créditos: Paulo Pinto/Agência Brasil
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São Paulo lidera o ranking das capitais brasileiras com o maior número de pessoas em situação de rua, somando mais de 80 mil, segundo o último levantamento realizado pelo Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (OBPopRua/POLOS-UFMG). Em comparação a outros estados, São Paulo também aparece no topo, com 126.112 pessoas nessa situação, de acordo com a pesquisa.

O fato chama atenção tendo em vista que nas últimas semanas foram registrados vários casos violentos contra pessoas em situação de rua em São Paulo por agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) a mando da administração Ricardo Nunes (MDB), além da tentativa anterior de criminalizar Padre Júlio Lancellotti pela doação de alimentos a moradores de rua com o PL da Fome PL 445, de autoria de Rubinho Nunes (União Brasil).

No dia 8 de julho, um homem em situação de rua foi brutalmente espancado pela GCM durante operação higienista na região central. O vídeo foi divulgado nas redes sociais pelo padre Júlio Lancellotti. "Como age a prefeitura de São Paulo com a população de rua. Tudo isso hoje no centro de São Paulo", escreveu o padre em publicação. Veja nesta reportagem da Fórum.

No dia seguinte (9), Lancellotti, responsável pela Pastoral do Povo da Rua, decidiu enfrentar os policiais e cobrar da Prefeitura da capital paulista a abertura antecipada do atendimento para cadastro nos abrigos emergenciais públicos, já que a população sem-teto estava debaixo de chuva esperando o início do serviço. Com uma bengala na mão, o sacerdote, alvo frequente da extrema direita bolsonarista na maior metrópole do país, pediu a um guarda civil que se acalmasse e tratasse os cidadãos em situação de rua com respeito.

Até quem foi fazer doações à população em situação de rua no último dia 10 se tornou alvo: uma mulher que entregava marmitas a pessoas em situação de rua em São Paulo foi brutalmente agredida pela síndica de um prédio, que afirmou que uma "nova lei" proibia a entrega de comidas ao grupo vulnerável. 

Ela se referia ao PL da Fome, aprovado na Câmara Municipal de São Paulo no mês passado. A vítima agredida foi a fundadora do Projeto Abayomi, Simone Mardegan, que há mais de sete anos realizava ações de solidariedade à população de rua da capital paulista e integrava o movimento "Na Rua Somos Um", que atua em prol desse grupo. 

Outros dados

No estudo do OBPopRua, outras capitais aparecem logo após São Paulo, como Rio de Janeiro, com 21.023 pessoas, e Belo Horizonte, com 13.776. A lista das dez capitais com maior número de moradores de rua se completa com Fortaleza (9.534), Salvador (9.379), Distrito Federal (8.353), Porto Alegre (4.769), Boa Vista (4.263), Curitiba (4.096) e Florianópolis (3.441).

Em números gerais, o Brasil contabiliza 300.868 pessoas em situação de rua registradas no CadÚnico em junho de 2024. As demais capitais e estados apresentam as seguintes quantidades: Distrito Federal (Brasília) com 8.353, Vitória com 929 e Espírito Santo com 3.675, Goiânia com 1.804 e Goiás com 4.443, Cuiabá com 1.478 e Mato Grosso com 3.501, Campo Grande com 1.073 e Mato Grosso do Sul com 1.880.

Em outras capitais e estados, estão: Recife (3.099) e Pernambuco (5.822), João Pessoa (788) e Paraíba (1.500), Natal (1.436) e Rio Grande do Norte (2.402), Fortaleza (9.534) e Ceará (11.993), Teresina (1.186) e Piauí (1.566), São Luís (1.796) e Maranhão (2.995), Palmas (170) e Tocantins (333), Belém (1.084) e Pará (2.648), Macapá (134) e Amapá (173), Boa Vista (4.263) e Roraima (4.310), Manaus (2.097) e Amazonas (2.373), Rio Branco (374) e Acre (412), Porto Velho (390) e Rondônia (730).