Hoje deputado federal e pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem (PL) foi lançado para a vida pública em 2019 por Jair Bolsonaro (PL), que o nomeou diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), cargo que exerceu até abril de 2022, quando precisou sair para concorrer a uma cadeira na Câmara dos Deputados.
Durante o período em que esteve na chefia da Abin, segundo investigação da Polícia Federal, foi montada uma organização criminosa que praticava a espionagem ilegal de desafetos e opositores de Bolsonaro. Esse esquema atuaria, inclusive, em parceria com o chamado “gabinete do ódio” para elaborar e difundir desinformação.
Te podría interesar
Nesta quinta-feira (11), a PF deflagrou a quarta fase da operação Última Milha, que faz parte das investigações acerca do escândalo conhecido como ‘Abin paralela’, e prendeu 6 servidores que estiveram lotados na Abin no período investigado. Entre uma série de detalhes que embasaram o relatório da operação, a investigação confirma que Ramagem usou sua ‘Abin paralela’ para monitorar as investigações acerca do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018.
“O resumo das denúncias relacionadas ao caso Marielle em 2019 foi impresso pelo delegado Alexandre Ramagem enquanto diretor da Abin. A impressão de documentos e informações se prestava para que informações de ‘inteligência’ pudessem ser levadas aos destinatários em regra integrantes do núcleo-político [de Bolsonaro]. As considerações finais do documento relacionado ao Delegado de Polícia Civil indicam que o monitoramento da investigação ocorreu para antecipar eventuais referências que indevidamente vinculassem o núcleo-político”, diz a representação da PF.
Delegado e promotora foram espionados
Em fevereiro passado, a Controladoria-Geral da União (CGU) conseguiu recuperar arquivos de atividades da Abin que revelam que o órgão espionou ilegalmente o delegado Daniel Rosa, da Polícia Civil do Rio de Janeiro, responsável pelas investigações dos casos dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes. As informações, relacionadas ao escândalo da chamada ‘Abin paralela’, cujo principal suspeito de ser o operador é o filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Carlos, são do diário carioca O Globo.
De acordo com o levantamento da CGU, no ano de 2020, o agente federal Marcelo Bormevet, que seria uma espécie de ‘faz-tudo’ do então diretor da Abin, o hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), imprimiu dados relacionados ao policial fluminense que atuava nas investigações do duplo homicídio. O monitoramento do crime de repercussão mundial pela ‘Abin paralela’ ocorreu entre os anos de 2019 e 2021, ocasião em que a promotora que liderava a força-tarefa do caso, Simone Sibilio, também foi monitorada.
Ainda foi revelado que o próprio Ramagem, em 2019, teria feito algumas impressões relacionadas ao caso, após cerca de dois meses da arapongagem contra a promotora do Rio. Pouco tempo depois dessas impressões, o delegado Daniel Rosa seria transferido do posto que ocupava pelo secretário de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, à época Allan Turnowski.