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Abin Paralela: PF cumpre mandados de prisão contra influenciadores do "Gabinete do Ódio"

Além dos influenciadores do Gabinete do Ódio, comandado por Carlos Bolsonaro, agentes cumprem mandados de prisão de policiais que atuaram na Abin durante a gestão do deputado Alexandre Ramagem

Carlos e Jair Bolsonaro com Alexandre Ramagem. Vereador e deputado são investigados na Abin Paralela.Créditos: Instagram / @ Delegado Ramagem
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A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (11) a 4ª fase da Operação Última Milha, decorrente das investigações da chamada Abin Paralela, que seria comandada pelo ex-delegado e atual deputado bolsonarista Alexandre Ramagem.

Estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva que têm como alvo policiais ligados a Ramagem e influenciadores digitais que trabalhavam no chamado Gabinete do Ódio, que seria comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Também estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nas cidades de Brasília/DF, Curitiba/PR, Juiz de Fora/MG, Salvador/BA e São Paulo/SP.

Segundo a PF, o objetivo da ação é desarticular organização criminosa voltada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas e à produção de notícias falsas, utilizando-se de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

"Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos três poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas. A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos", diz a PF em nota.

Os investigados são acusados pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

"Pegamos ele"

Alvo de uma operação desencadeada em janeiro Polícia Federal (PF), que cumpriu mandados de busca e apreensão do inquérito sobre a chamada "Abin paralela", Carlos Bolsonaro (PL-RJ) vive a expectativa de um possível indiciamento nas próximas semanas, quando os investigadores devem concluir a investigação.

“Pegamos ele”, teria dito um dos investigadores à coluna Radar, de Robson Bonin, na revista Veja, no mês passado.

Com o inquérito em fase final, antes do relatório ser remetido a Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), os agentes afirmam que "as coisas se conectam: Abin Paralela e milícias digitais”, segundo a reportagem.

Filho "02" de Bolsonaro e suposto comandante do chamada Gabinete do Ódio, Carlos Bolsonaro é investigado nos dois inquéritos.

Arapongagem até de aliados

Lsta com nomes de pessoas espionadas pelo governo Bolsonaro por meio de aparelhamento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) inclui políticos opositores, acadêmicos, juristas, jornalistas e ambientalistas e até aliados fieis a Bolsonaro.

Entre os nomes divulgados está o de Evandro de Araújo Paula. Além de ter trabalhado para a deputada federal Bia Kicis (PL-DF), ele também participou do movimento “Os 300 do Brasil”, liderado pela ex-feminista Sara ‘Winter’ Geromini. O movimento ficou acampado em Brasília durante a pandemia e foi o responsável pelas primeiras animosidades entre bolsonaristas e o STF. Já sua líder, Sara, paralelamente ao acampamento trabalhou no ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos, chefiado à época por Damares Alves (Republicanos-DF).

Outro bolsonarista de primeira ordem “arapongado” pela “Abin paralela” foi ninguém, ninguém menos, que o hoje deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO). À época, na pandemia, ele começava a ganhar destaque nas redes difundindo desinformação sobre a Covid-19. No entanto, não há maiores explicações sobre a razão do seu monitoramento.

Outro aliado monitorado foi Giacomo Romeis Hensel Trento, que atuou em 2019 como secretário especial de Relações Governamentais da Casa Civil de Bolsonado, então chefiada por Onyx Lorenzoni. Ele foi consultado 146 vezes pelos agentes à serviço irregular de Bolsonaro.

Opositores

Entre os opositores, os dois nomes mais óbvios de 2019 são os de Jean Wyllys e de David Miranda. Ambos entraram no radar após o famigerado perfil “Pavão Misterioso” divulgar a fake news de que Wyllys venderia o mandato para Miranda, já falecido. A suposta denúncia foi muito repercutida à época por Carlos Bolsonaro.

Naquele mesmo ano, o olhar da “Abin paralela” se voltou para o jornalismo. Glenn Greenwald, que foi casado com Miranda, e Leandro Demori, ambos no The Intercept à época, foram os alvos. Sergio Moro ainda era o ministro da Justiça de Bolsonaro e os jornalistas foram os responsáveis pela publicação da série Vaza Jato, cujas revelações desdobraram na anulação dos processos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oriundos da Operação Lava Jato.

Outro nome opositor divulgado foi o de Alessandra Maria da Costa Aires. Ela trabalhava no gabinete do senador Confúcio Moura (MDB-RO) e no período em que foi espionada, o seu chefe fazia críticas nas redes sociais e no Congresso às declarações estapafúrdias de Bolsonaro sobre a pandemia.

Afonso Mônaco, repórter da TV Record, e Pedro César Barista, consultor de comunicação e ativista pró-Palestina, foram outros nomes monitorados.

Ambientalistas, Juiz de Fora (MG) e caminhoneiros

Entre os ambientalistas espionados, constam nessa primeira divulgação Marcelo José de Lima Dutra, Newton Coelho Monteiro e Hugo Ferreira Neto. Marcelo foi analista ambiental do Ibama e presidiu o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas. Newton, por sua vez, é engenheiro e trabalha com a detecção de queimadas pelo mesmo órgão. Já Hugo era coordenador de Operações de Fiscalização do Ibama e foi responsável por ações contra garimpeiros no Pará. Foi exonerado em abril de 2020, logo que começou a pandemia.

Há ainda nomes de Juiz de Fora (MG) monitorados por suspeita de participação no ataque a faca de Adélio Bispo que vitimou Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 e 86 pessoas ligadas aos movimentos de caminhoneiros que fizeram uma enorme greve no mesmo ano. Nesse último grupo destaca-se Wallace Landim, conhecido como Chorão, que durante o primeiro ano de governo Bolsonaro prometia fazer novas greves.

Outro caminhoneiro monitorado foi Carlos Alberto Litti Dahmer, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logísticas (Cnttl). Além de filiado ao PT, ele se candidatou a vereador em Ijuí (RS) nas eleições de 2012. Em 2019, durante o primeiro ano do governo Bolsonaro, ele protestava contra as tabelas de frete e os aumentos do diesel e do gás de cozinha.