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Privatização das praias: Flavio Bolsonaro se contradiz na Globo; Marinha já se pronunciou

Relator da PEC tentou se esquivar em entrevista na GloboNews, mas em seu perfil revelou que investidores serão os principais beneficiados pela PEC, entre eles Neymar, que tem empreendimento no litoral nordestino.

Flávio Bolsonaro com Neymar e em vídeo em seu perfil sobre a PEC de privatização das praias.Créditos: Instagram / Rede X Flávio Bolsonaro
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Relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/22, que transfere a propriedade dos terrenos do litoral brasileiro do domínio da Marinha para estados, municípios e proprietários privados, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) se contradisse em entrevista a GloboNews ao defender que a medida não significa a privatização das praias e não vai restringir o acesso público a essas áreas, que hoje pertencem à União e são controladas pela Marinha.

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"A PEC trata apenas desses terrenos já ocupados e o espaço público, que é a praia, vai continuar sendo de uso comum de todos os brasileiros. Não há esse risco", afirmou.

Em seguida, o filho "01" de Bolsonaro se contradiz e afirma que a venda das praias para  a iniciativa privada vai gerar a arrecadação de "bilhões de reais".

"Se essa PEC for aprovada, se houver a transferência onerosa dessas propriedades, o que vai se arrecadas com o pagamento, das pessoas que podem pagar, para ter a escritura definitiva, as dezenas de bilhões de reais arrecadados com isso podem servir para a construção de moradias populares, para a construção de encostas para proteger a orla, pode ser investido no replantio de mananciais e em uma série de coisas que vão beneficiar o Meio Ambiente", disse.

Em outro vídeo, publicado em seu perfil na Rede X em resposta ao ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Flávio, no entanto, revela quem será beneficiado pela medida. A publicação ironiza o ministro de Lula, que disse que o governo é contra a PEC.

"Tem as pessoas que moram perto da praia, e é desses imóveis ocupados que estamos tratando na PEC. Agora o que é verdade, nós vamos acabar com três impostos: o foro, o laudêmio e a taxa de ocupação. Você acha justo todo ano alguém que mora num imóvel desse paga um aluguel para o governo federal? Sim, esse é o foro. Paga-se um aluguel de 0,6% no valor do imóvel para o governo federal", diz o senador, confundindo o uso da área, que é da União, com o IPTU, pago aos municípios.

Flávio ainda tenta ludibriar os seguidores ao citar o Complexo da Maré, uma área ocupada no Rio de Janeiro, para dar exemplo. Mas, ao final, deixa claro quem serão os beneficiários com a PEC.

"Isso também traz grandes investimentos estrangeiros e também de dentro do Brasil para que grandes empreendimentos sejam realizados em toda a orla", dispara.

Entre os interessados nos empreendimentos litorâneos é o jogador Neymar. Aliado do clã Bolsonaro, o atleta foi tragado para o debate após a revelação de que tem investimentos em áreas no litoral nordestino.

Marinha

Em nota divulgada no final de maio, a Marinha, que é responsável pela gestão da área, se coloca contra a PEC citando justamente a questão da "soberania nacional" dessas regiões.

"Essas áreas são pilares essenciais para a defesa da soberania nacional, o desenvolvimento econômico e a proteção do meio ambiente, tendo em vista a diversidade de ecossistemas, a importância das atividades econômicas relacionadas aos ambientes marinho e fluviolacustre, além da necessária proteção de 8.500 km de litoral, a partir do adequado preparo e emprego da MB em nossa Amazônia Azul", diz o texto.

A Força diz ainda que as áreas são "patrimônio essencial para a salvaguarda dos interesses nacionais e do desenvolvimento sustentável do Brasil" e ressalta a importância da preservação dos ecossistemas.

"Estas áreas, estabelecidas desde 1831, são propriedades da União, conforme previsto no inciso VII do Art. 20 da Constituição Federal de 1988, combinado com o Art. 2º do Decreto-Lei nº 9.760/1946, e compreendem áreas localizadas na costa marítima, margens de rios e lagoas — até onde houver influência das marés —, manguezais, apicuns, além das que contornam ilhas costeiras e oceânicas", diz a nota.

Leia a íntegra.