Quem olhava para a figura de Silvinei Vasques há dois anos jamais imaginaria que ele poderia estar na situação que se encontra hoje. Todo-poderoso da Polícia Rodoviária Federal, onde ocupava o cargo máximo, o de diretor-geral, ele aparecia cheio dos apetrechos, de pistola na cintura, e aos beijos e abraços com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). E foi justamente o antigo ocupante do Palácio do Planalto que lhe serviu como desgraça.
Usando a corporação em que trabalhou por quase três décadas como uma espécie de “guarda pretoriana” do então chefe de Estado, foi ao máximo da subserviência e colocou seus homens e mulheres para realizar batidas policiais e bloqueios em rodovias do Nordeste bem no dia das eleições de 2022, com o claro intuito de impedir os eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva de chegarem aos locais de votação, algo criminoso e que já tinha sido expressamente proibido pelo Tribunal Superior Eleitoral.
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Bolsonaro perdeu, veio a tentativa de golpe de Estado e todas as operações para encontrar e responsabilizar os golpistas. Em agosto de 2023, Silvinei Vasques foi parar na cadeia. Ele está trancafiado no Centro de Detenção Provisória II, no Complexo da Papuda, desde que foi alvo da Operação Constituição Cidadã.
Segundo sua defesa, Silvinei é celíaco, ou seja, tem intolerância a glúten. Ele teria perdido 12 kg desde que chegou à penitenciária. Agora, o problema foi outro. O antigo diretor da PRF teria se envolvido numa briga com outro detento, o que lhe rendeu um processo disciplinar na Papuda.
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Conforme o relato das autoridades responsáveis pelo complexo carcerário, o bolsonarista teria se desentendido com um preso que estaria constantemente o importunando na tentativa de convertê-lo à religião evangélica. A treta teria ocorrido na tarde de 23 de abril. Sua defesa nega e diz que a reação de Silvinei com o companheiro de presídio foi feita de “forma ética e respeitosa”. Porém, o que se diz na unidade é que os dois viviam se estranhando e um ambiente de fofoca envolvendo os dois seria permanente.
O fato é que o processo disciplinar acabou sendo arquivado pela direção da Papuda, conforme informação desta segunda-feira (3). Só que este deve ser o menor dos problemas para o homem que um dia mandou em todo o efetivo da PRF.