Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi preso nesta quarta-feira em Florianópolis, sob suspeita de interferir nas eleições presidenciais de 2022. Mas muito além da interferência, o ex-diretor bolsonarista foi responsável por coordenar inúmeras controvérsias ao longo de sua gestão à frente da instituição. Ele assumiu o cargo 6 abril de 2021 e foi exonerado no dia 20 de dezembro de 2022.
O Ministério Público Federal de Goiás chegou a iniciar um procedimento para investigar a extinção das Comissões de Direitos Humanos da PRF em maio de 2022. A monitoração dos processos disciplinares contra os agentes estavam a cargo destas comissões, no entanto, após uma portaria assinada por Vasques, elas foram barradas.
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Relembre as controvérsias de Silvinei Vasques:
Bolsonaro nas motociatas sem capacete, motivo que levou Genivaldo a ser pego
Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi parado durante uma blitz por estar sem capacete ao guiar uma moto, e de repente, foi imobilizado, amarrado e colocado dentro do porta-malas de uma viatura. Vale lembrar que durante as motociatas do ex-presidente, quem não andava de capacete não estava levando multa da PRF.
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Logo depois ele morreu de sufocação após policiais detonarem uma bomba de gás lacrimogêneo no porta-malas do carro, criando uma espécie de câmara de gás. Ele chegou a ser levado para o hospital, mas não sobreviveu.
Após isso, a conduta dos agentes em operação começou a ser questionada. E antes do assassinato de Genivaldo Santos, a procuradora Mariane Oliveira já havia dado início a um processo para investigar os retrocessos na proteção dos Direitos Humanos dentro da corporação.
Operações letais no Rio de Janeiro
Uma operação realizada pela PRF junto ao Batalhão de Operações Especiais (Bope) no mesmo mês na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, deixou 25 pessoas mortas. Meses antes, na mesma região, cerca de oito pessoas morreram durante operação da PRF junto da Polícia Militar. Naquela época, a PM declarou que os agentes estavam cumprindo mandados de prisão contra uma quadrilha de roubo de cargas.
‘Apoio do ex-presidente’
Vasques foi chamado por ministros do governo para esclarecer como lidaria com a greve dos caminhoneiros, que estavam bloqueando estradas em todo o Brasil e exigindo a remissão de membros do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 6 de setembro de 2021. No dia, ele disse que contou com o “respaldo de autoridades do Palácio do Planalto para manter os braços cruzados”, afirmando que não tinha objetivo de intervir.
Compra ilegal de blindados
Uma investigação criminal foi iniciada pelo Ministério Público Federal sobre a compra de veículos blindados pela Polícia Rodoviária Federal do Rio de Janeiro. Segundo o MPF, foram descobertas inconsistências na documentação da licitação, que foi vencida pela empresa Combat Armor.
Além disso, não havia justificativa para a necessidade urgente de comprar os chamados “caveirões”. Conforme ressaltado pelo Jornal Nacional. Ao todo, nove desses blindados estavam parados e sem uso no pátio da Polícia Rodoviária Federal.
Bloqueio das rodovias do Nordeste nas eleições
Membros da PRF teriam direcionado recursos humanos e materiais com a finalidade de dificultar o trânsito de eleitores no segundo turno das eleições presidenciais de 2022, segundo investigações da Polícia Federal. Na época, foi realizado um patrulhamento ostensivo na região Nordeste do país, reduto do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O planejamento dos crimes investigados teria ocorrido desde o início de outubro de 2022, apontou o inquérito.
PRF tratou distribuição de Bíblia por governo como "assistência espiritual" aos servidores
Com a recomendação de que os servidores lessem a Bíblia, o governo do presidente Jair Bolsonaro tomou a decisão de distribuir livros na Polícia Rodoviária Federal (PRF). Na época, com claro apoio à decisão do governo, a PRF encaminhou uma mensagem aos servidores, tratando a distribuição dos livros como uma "assistência espiritual".
No entanto, servidores da instituição sentiram incômodo com a atitude da corporação, destacando que a mistura entre religião e trabalho não deveria ocorrer.