Ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos Almeida Baptista Júnior criticou Jair Bolsonaro (PL) ao comentar uma publicação do jornalista Leandro Demori sobre o post de Ricardo Salles (PL-SP) comemorando a tentativa de golpe na Bolívia.
Durante a ação do ex-comandante do Exército boliviano, general Juan José Zuniga, frustrada após reprimenda do presidente Luis Arce e rechaçada pela população, o deputado bolsonarista tuitou, em espanhol, que "na Bolívia os melancias [em referência aos militares "verde por fora e vermelhos por dentro] têm culhões".
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"Quando eles tuitam meio na pressa eles confessam o que queriam no Brasil", comentou Demori, escancarando o golpismo dos aliados do ex-presidente brasileiro.
Em seu perfil na rede X, Baptista Júnior compartilhou a publicação, condenou o extremismo de Salles que, segundo ele, mina "o movimento conservador, liberal e democrático" e, de quebra, criticou Bolsonaro por não reprimir seus aliados.
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"E assim vão minando o movimento conservador, liberal e democrático que despertou milhões de brasileiros na última década, inclusive jovens que haviam sido cooptados ou alienados. O pior é que o “líder da direita” não reage a tais excessos", escreveu.
O militar da reserva - que afirmou à Polícia Federal (PF) que assim como o ex-comandante do Exército, Marco Antonio Freire Gomes, não aderiu ao golpe - foi, então, indagado se "não sabiam quem eram" os bolsonaristas quando se "abraçou" a eles pelo perfil de Raynes Viana.
"Acho que seus 'argumentos estão fora da zona da proporção'”, respondeu o ex-comandante da FAB.
Bate-boca
Ainda na Rede X, Baptista Júnior promoveu um bate-boca com apoiadores radicais de Jair Bolsonaro, que acusam as Forças Armadas de terem se acovardado na tentativa de golpe promovido pelo ex-presidente em meio à posse de Lula, em 2023.
O militar chegou a compartilhar o tuite de um "apoiador oficial de Bolsonaro" para responder a cobrança golpista.
"As FA apoiaram o direito de se reunirem e protestarem, dentro da lei. Elas participaram do processo eleitoral, e não comprovaram fraudes. Qual o dever você acha que elas não cumpriram? Seja claro se precisar usar a palavra GOLPE. Sinto pelos que sofrem por terem sido usados!", escreveu.
Em seguida, Baptista Júnior diz "concordar" com um outro bolsonarista radical que afirmou que "a fraude nas eleições não tem nada a ver com voto".
"Tem a ver com censura.. perseguição… influência das decisões das altas cortes … estímulo ao voto de eleitores jovens.. facultativos.. por votarem em determinado candidato.. confirmado em pesquisas eleitorais", emendou o perfil atribuído a Adriano Tomasoni.
"Concordo com você, mas não vejo como as forças armadas devam ser responsabilizadas por isso, como era a origem do post que comentei", respondeu Baptista Júnior.
Ao repetir por diversas vezes que "o processo de fiscalização [do sistema de votação] foi adequado" e rechaçar problemas com o "código-fonte" - alegação descrita pelo PL e por Bolsonaro para acusar fraude nas urnas eletrônicas -, o militar foi indagado pelo deputado estadual bolsonarista Márcio Gualberto (PL-RJ) se "acredita que houve uma tentativa de golpe?".
"O senhor está persuadido disso? Como poderia haver golpe sem os meios tipicamente usados nessas ocasiões? E se não teve essa possibilidade, como justificar o que aconteceu com milhares de cidadãos que foram presos e condenados com penas altíssimas?", indagou o parlamentar bolsonarista.
"Deputado, meu post questiona outras coisas postadas por quem questionei: por que as forças armadas se acovardaram? Qual dever deixaram de cumprir? O que o “povo” (ou a parcela da população que ele cita) queria e não foi feito?", rebateu Baptista Júnior.
"Comandante, talvez o senhor possua as respostas para as perguntas que acabara de fazer", respondeu o parlamentar bolsonarista.