A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) está entre os bolsonaristas que comemoraram a tentativa de golpe militar na Bolívia que fracassou. A parlamentar, que apoia os golpistas brasileiros, se empolgou na noite desta quarta-feira (27) com a invasão de militares, liderada pelo general Juan José Zúñiga, ao Palácio Quemado, sede do governo boliviano.
"Graças a Deus", escreveu a deputada ao compartilhar uma publicação que divulgava a fake news de que o general Zúñiga havia "tomado o poder" na Bolívia.
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A tentativa de golpe, entretanto, fracassou. O presidente boliviano enfrentou os militares golpistas e, com o apoio da população, que foi às ruas para defender o governo, dissolveu a tentativa de golpe, prendendo os líderes do movimento antidemocrático.
Bia Kicis, então, recuou e resolveu apagar a publicação em que comemorava o golpe. Depois, em resposta à postagem apagada, escreveu: "Alguem concorda com os presos políticos, seja na Bolivia ou aqui? Infelizmente parece que nao foi dessa vez que a ex presidente da Bolivia foi libertada; nem o Filipe Martins aqui. Me espanta quem apoia tirania e presos politicos".
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Veja a publicação apagada por Bia Kicis:
Salles também comemora
O deputado Ricardo Salles (PL-SP), que foi ministro do Meio Ambiente do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-22) e que ganhou fama com a infame frase de "deixar passar a boiada" no que diz respeito aos cuidados ambientais durante a pandemia, comemorou a tentativa de golpe na Bolívia e ainda insinuou que falta coragem aos militares brasileiros para fazerem o mesmo.
Ricardo Salles escreveu o seguinte: "En Bolivia las melancias tienen cojones". Em português: "Na Bolívia as melancias têm coragem". Os símbolos usados pelo deputado fazem parte de um deboche do dialeto bolsonarista: as melancias são os militares: verde por fora (patriotas) e vermelhos por dentro (comunistas).
Golpe na Bolívia fracassa e general golpista é preso
O Ministério do Governo da Bolívia convocou a imprensa, na noite desta terça-feira (26), e apresentou aos jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos o ex-comandante do Exército, general Juan José Zúñiga, juntamente com o ex-comandante da Marinha, Vice-Almirante Juan Arnez, algemados e detidos após a tentativa de golpe de Estado na Praça Murillo, em La Paz.
Ambos foram presos após liderarem uma ala rebelde das Forças Armadas que invadiu o Palácio Quemado, sede do governo, na tentativa de destituir o presidente democraticamente eleito Luis Arce e montar um novo gabinete ministerial. O mandatário boliviano, entretanto, enfrentou os militares golpistas e, com o apoio da população, que foi às ruas para defender o governo, dissolveu a tentativa de golpe.
O ministro Eduardo Del Castillo, em coletiva de imprensa, exibiu os golpistas vestindo coletes com a frase "detido" estampada.
"Peço às autoridades competentes que apresentem o primeiro delinquente aprendido, o senhor Juan José Zúñiga. Desde o Ministério do Governo, vamos realizar os requerimentos correspondentes para que se ampliem os verdadeiros delitos pelos quais este sujeito deve pagar em um centro de reclusão em nosso país. A próxima pessoa que foi apreendida é o senhor vice-almirante Juan Arnez, comandante-geral ou ex-comandante-geral das Forças Armadas Bolivianas, que já foi apreendido por nossa querida Polícia Boliviana, cumprindo os requerimentos judiciais emanados dentro do território nacional", iniciou o ministro.
"Essas duas pessoas estavam no interior de um veículo blindado que colidiu contra as portas da Casa da Democracia do nosso país, contra o Palácio Queimado, e eles buscavam derrubar um governo eleito democraticamente, eleito com mais de 3,4 milhões de votos, e suas aventuras golpistas apenas ficaram nisso. Portanto, vamos fazer todos os esforços para que essas pessoas sejam dignamente sentenciadas pelos delitos de levante armado, atentados contra o presidente, destruição de bens públicos e privados e uma série de outros delitos que vamos pedir que sejam incorporados a esta investigação", prosseguiu.
Veja vídeo dos militares presos sendo apresentados à imprensa: