Pegando carona nas declarações de André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha, que iniciou uma série de ataques às universidades para tentar impedir que evangélicos enviem os filhos ao ensino superior, Jair Bolsonaro (PL) criticou na rede X as "instituições de ensino" alinhadas ao "sistema com Lula".
Fruto de uma dinastia religiosa e conhecido por ostentar roupas e adornos caríssimos de grifes nas redes, Valadão iniciou a polêmica criminosa ao pedir para os fiéis não mandarem os filhos às universidades e, em vez disso, "vender picolé na garagem".
Te podría interesar
“Não manda o seu filho para a faculdade. Vai vender picolé na garagem. ‘Ah, mas eu não criei meu filho para isso’. Você criou para quê? Para ele ir para o inferno? Criou sua filha para virar uma vagabunda, rodada, ou para ser uma mulher santa, digna, de família e cheia de Deus?”, disse sob aplausos. “Aí ela tem um diploma e é rodada, é doida”, afirmou em vídeo que viralizou nas redes e recebeu uma avalanche de críticas.
Em publicação neste sábado (22) na rede de Elon Musk, o ex-presidente usou uma propaganda do governo sionista de Israel, de que teriam sido encontradas "armas em Universidade de Gaza usada como quartel-general do Hamas", o ex-presidente mirou o sistema de ensino superior do Brasil.
Te podría interesar
"Terroristas usando instituições de ensino e como já amplamente divulgados também hospitais e casas de civis inocentes como base? Quem poderia imaginar?", escreveu Bolsonaro na publicação.
"No Brasil as coisas não são muito diferentes. Talvez isso explique o alinhamento perfeito do sistema com Lula", emendou.
Longo histórico
Jair Bolsonaro tem um longo histórico de desprezo e ataques às universidades, especialmente as federais, que sofreram um corte drástico no orçamento durante seu governo.
“Sabemos que, nas universidades, a militância é enorme. É um ‘carnaval’ contra a minha pessoa. Eu estou quase contra tudo e contra todos”, disse em outubro de 2022, após o bloqueio de R$ 2,4 bilhões no orçamento da Educação.
Cerca de um mês depois, Bolsonaro tirou mais R$ 244 milhões das universidades federais e R$ 122 milhões dos institutos em novo bloqueio, zerando o caixa das universidades, que ficaram sem dinheiro até mesmo para pagamentos de contas de luz e água.
Entre 2019 e 2022, período do governo Bolsonaro, as universidades federais do país perderam 14,4% de seu orçamento. Em termos comparativos, os valores passaram de 62,2 bilhões de reais em 2019 para R$ 53,2 bilhões em 2022, segundo pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (Sou_Ciência) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Plantações de maconha
Os ataques às universidades começaram logo no início do governo Bolsonaro. Em abril de 2019, o segundo ministro da Educação do governo, Abraham Weintraub, disse a um site bolsonarista que haviam "plantações extensivas de maconha" nas universidades federais.
"Foi criada uma falácia que as universidades federais precisam ter autonomia. Justo, autonomia de pesquisa, ensino. Só que essa autonomia acabou se transfigurando em soberania. Então, o que você tem? Você tem plantações de maconha mas não são três pés de maconha, são plantações extensivas", afirmou.
Na mesma entrevista, o ministro afirmou, sem prova alguma, que há laboratórios de química que estão "desenvolvendo laboratórios de droga sintética, de metanfetaminas" porque a polícia não poderia entrar nos campi.
Meses depois, Bolsonaro fez coro e disse em evento no Tocantins que aluno de universidades brasileiras "faz tudo, menos estudar".
"Entre as 200 melhores universidades do mundo, tem algum brasileira? Não tem! Isso é um vexame! O que que se faz em muitas universidades e faculdades do Brasil, o [que o] estudante faz? Faz tudo, menos estudar", afirmou.