A presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT) e deputada federal Gleisi Hoffmann fez duras críticas a uma entrevista concedida pelo economista Armínio Fraga ao jornal Folha de S. Paulo.
Em longo texto publicado no X (antigo Twitter), a parlamentar afirma que neoliberais como Fraga, que é ex-presidente do Banco Central (BC), e parte da mídia "querem proibir" o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "fazer política monetária e cambial".
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Na entrevista ao periódico paulistano, Armínio Fraga especulou sobre um "fiasco" na troca de comando do BC. O atual presidente da instituição, Roberto Campos Neto, tem mandato até dezembro deste ano e, então, será substituído por um nome a ser indicado por Lula. Até o momento, o mais cotado para assumir o posto é Gabriel Galípolo, ex-número 2 de do ministro Fernando Haddad na Fazenda e atual diretor de política monetária do BC.
"Se quem entrar se meter a besta, a inflação começar a subir e o mercado perder a confiança, vai ser um grande fiasco político, inclusive, e rápido", declarou Armínio Fraga.
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O economista afirmou, ainda, que o governo Lula encampa um "discurso frouxo" na política monetária e que vem cometendo erros na condução da economia do país. "É uma tristeza ver como a coisa está sendo conduzida", disparou.
Em resposta, Gleisi recordou números que mostram a péssima condução da economia brasileira em 2002, ao final do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), período em que Armínio Fraga presidiu o BC.
'Vamos recordar: o governo em que Fraga era presidente do BC levou o risco Brasil ao recorde negativo de 1.446 pontos, praticamente triplicou a dívida pública para 57% do PIB, entregou para Lula uma taxa Selic de 24,9% (juros reais de 13%!) e uma inflação de 12%, fora de controle. Lula derrubou a dívida a 37% do PIB, derrubou a inflação à metade (média de 6,4% no IPCA), baixou os juros reais a menos de 4%, e obteve o grau de investimento", pontuou a petista.
"Ao contrário do que disse Arminio Fraga, Lula não fez isso rasgando o programa do PT, mas fazendo a economia crescer com investimento público, privado e das estatais, com aumento real do salário, com Bolsa Família e geração de empregos. O que ele rasgou foi a cartilha neoliberal que põe os interesses do mercado na frente do país e da população", prosseguiu Gleisi.
A parlamentar ainda mencionou o fato de Armínio Fraga ter declarado apoio a Lula na eleição contra Jair Bolsonaro em 2022, ressaltando que, apesar do gesto, o economista e seus pares neoliberais seguem "impondo sua política para os juros".
"Neoliberais que votaram em Lula contra Bolsonaro em 22, como é o caso de Arminio, continuaram impondo sua política para os juros, por meio do tal BC “independente”. E agora não se conformam com a aproximação do fim do reinado de Campos Neto no BC. São eles que querem repetir os erros do passado em que mandavam num país que não crescia, não gerava empregos e era submisso ao FMI. Foi por defender ideias assim na economia que o PSDB sumiu do mapa político do Brasil", finalizou.
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