PERIGO

VÍDEO: Lula faz alerta sobre avanço da extrema direita na Europa ao desembarcar na Suíça

Presidente, que participará de fórum da Organização Internacional do Trabalho e de cúpula do G7, ainda comentou o indiciamento do ministro das Comunicações, Juscelino Filho

Lula ao desembarcar em Genebra, na Suíça.Créditos: Ricardo Stuckert/PR
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem pela Europa, onde se encontrará com chefes de Estado, políticos e lideranças locais, fez um alerta sobre o avanço da extrema direita após as recentes eleições ao Parlamento Europeu. Poucas horas após desembarcar em Genebra, na Suíça, na manhã desta quinta-feira (13), Lula conversou com jornalistas na entrada do hotel onde está hospedado.

Entre os compromissos do mandatário, destaca-se uma reunião com o presidente francês Emmanuel Macron, que dissolveu o parlamento  de seu país e convocou novas eleições legislativas após a vitória do partido de ultradireita nas eleições europeias. O presidente brasileiro também tem um encontro agendado com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. Essas reuniões ocorrem poucos dias após uma grande votação favorável a candidatos da extrema direita, incluindo alguns associados ao neofascismo, que aumentaram sua representação no Parlamento Europeu.

Segundo Lula, a ascensão da extrema direita representa "um risco à democracia"> 

"Eu tenho dito para todo mundo que nós temos um problema de risco da democracia como nós a conhecemos porque o negacionista nega as instituições, ele nega aquilo que é o parlamento, aquilo que é a Suprema Corte, aquilo que é o poder judiciário, aquilo que é o próprio Congresso, ou seja, são pessoas que vivem na base da construção de mentiras. E você sabe qual é a desgraça da primeira mentira? É que você passa o resto da vida mentindo para justificar ela. Então, as pessoas que aprendem a fazer política mentindo passam o resto da vida mentindo, porque ele não pode desmentir o que ele falou", declarou. 

"Então, acho que é um perigo, mas eu acho que é um alerta também. As pessoas que têm sentido em respeitar a democracia, têm que brigar para que a democracia prevaleça na Europa, na América do Sul, na América Latina, na Ásia, em tudo o que é lugar", disse ainda., 

O presidente destacou que "o mundo democrático sempre foi assim, tem uma hora que os setores da esquerda ganham as eleições, outra hora ganha o setor mais conservador", chamando a atenção, contudo, para o fato de que, desta vez, a exemplo do que ocorreu nas eleições europeias, o que "cresceu muito que foi a extrema direita, que não é nem a direita, nem a esquerda, é uma extrema direita, que está ocupando um espaço importante". 

Veja vídeo: 

Juscelino Filho 

Lula ainda respondeu a perguntas de jornalistas sobre o indiciamento por corrupção, pela Polícia Federal (PF), de Juscelino Filho, ministro das Comunicações de seu governo. 

O presidente adiantou que deve tomar uma decisão sobre seu ministro nos próximos dias e que conversará com ele ainda nesta quinta-feira, mas ponderou que Filho terá o direito de se defender. 

"Eu preciso que as pessoas provem que são inocentes. Ele tem o direito de provar que ele é inocente. Eu não conversei com ele ainda, vou conversar hoje e vou tomar uma decisão sobre esse assunto", afirmou. 

Lula na Europa

O presidente Lula está na Europa para participar da conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O evento começou em 3 de junho em Genebra e termina no dia 14. Na sequência, vai fazer parte da reunião de líderes das sete maiores economias do mundo, a Cúpula do G7, que ocorre entre 13 e 15 de junho. 

Na Suíça, junto com o diretor-geral da OIT, Gilbert Houngb, o presidente deve discutir questões temáticas relacionadas à justiça social e aos objetivos da Coligação Global para a Justiça Social, lançada em 2023 e que conta com mais de 250 membros, incluindo governos, organizações de trabalhadores e empregadores, instituições multilaterais e financeiras.

Em Borgo Egnazia, na região da Puglia, no sul da Itália, Lula participa da Cúpula do G7, a convite da primeira-ministra do país, Giorgia Meloni. O grupo é composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. 

Essa é a oitava vez que Lula participa da reunião, a última foi no ano passado, na cúpula realizada em Hiroshima, no Japão. Com pouco menos de um ano e meio de mandato, o presidente teve agendas bilaterais com 64 lideranças de outros países, mais do que o dobro que seu antecessor em todo o seu mandato. 

Na pauta da reunião do G7, de acordo com o governo, Lula deve defender a agenda estabelecida pelo Brasil no G20, com pontos como a inclusão social e a luta contra a desigualdade, a fome e a pobreza; o enfrentamento das mudanças climáticas e a prioridade na transição energética, além da promoção do desenvolvimento sustentável e a reforma das instituições de governança global.

A proposta de uma tributação internacional de 2% sobre o patrimônio de cerca de 3 mil bilionários pelo mundo, que foi apresentada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad na reunião dos ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do G20, realizada em São Paulo, também deve fazer parte das discussões.

Representando o governo brasileiro, o ministro tem defendido a ideia em diversos fóruns internacionais, como em uma reunião realizada no Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril. “Cada país pode fazer muito por si próprio. É exatamente isso que estamos construindo no Brasil com a Reforma Tributária. Entretanto, sem cooperação internacional, há um limite para atuação dos estados nacionais. Sem cooperação, aqueles no topo continuarão a evadir nossos sistemas tributários”, disse na ocasião.

Na semana passada, Haddad se encontrou com o ministro de Economia e Finanças italiano, Giancarlo Giorgetti, para falar a respeito do tributo, cujos recursos seriam destinados a iniciativas de combate à fome e às mudanças climáticas. A ideia já tem acenos positivos de França, Espanha e Alemanha, mas ainda não conta com a adesão dos Estados Unidos.