Uma onda de denúncias de crimes sexuais cometidos por pastores toma conta do país enquanto os principais representantes da 'Bancada da Bíblia' no Congresso Nacional permanecem em silêncio ou preocupados com outros temas. É o caso do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que em vídeo recente está focado em promover o “confronto” com "homossexuais".
As imagens que viralizaram na tarde deste sábado (1º) nas redes sociais mostram Nikolas no comando de um culto, provavelmente da Igreja Graça e Paz, em Belo Horizonte, onde seu pai é pastor e presidente do ministério. Em pregação pra lá de política, o deputado federal reclamou de uma igreja que anunciava “Jesus para todxs” e ignorou a preocupante onda de denúncias.
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“'Jesus pra todxs'. Isso aqui é de uma igreja gigantesca e eles têm um culto específico para homossexuais. Mas Nikolas, é errado ter um culto só para homossexuais? Claro que não. A igreja tem que saber receber qualquer tipo de pessoa, qualquer tipo de pecador. [O problema é que] eles chamam os homossexuais de coloridos e o culto chama-se 'Alegria'. Sabe o que é chamar a homossexualidade de ‘coloridos’? É colocar pompom no pecado. É glamourizar algo que está te levando para o inferno”, começou o deputado bolsonarista.
Na mesma Belo Horizonte, onde está a igreja da família de Nikolas, a Polícia Civil apura um dos casos de abuso denunciados. O investigado é o pastor Marcelo Douglas, líder da Igreja do Evangelho Quadrangular Aliança Profética, acusado de abuso sexual, estupro de vulnerável e assédio contra fiéis menores de 18 anos. Entre as vítimas que prestaram depoimento está um jovem que tinha 14 anos quando ocorreram os crimes.
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Há ainda outros casos midiáticos como os dos pastores Davi Passamani e Dagmar Ferreira, um preso por importunação sexual e outro por abusar de crianças e adolescentes ao longo de 20 anos, tendo feito cerca de 50 vítimas. Mas para Nikolas, um dos deputados mais votados do país e autoproclamado representante da fé evangélica no Congresso, o que realmente importa é “confrontar” homossexuais.
“‘Nikolas, fica calado, pelo amor de Deus, afinal de contas as pessoas estão tendo contato com o evangelho’. Deixa eu te falar: um evangelho mentiroso, que não está gerando transformação, não está tendo renovação de mentes. Porque o evangelho que vai lá nas suas entranhas, assim como o Espírito Santo vai na divisão da tua alma com o teu espírito e te convence do pecado, da justiça e do juízo, ele precisa de confronto”, concluiu.
Mas o silêncio de Nikolas não é apenas dele. Estende-se a todas as grandes lideranças evangélicas do país, estejam elas nos altares das igrejas ou nos assentos do parlamento.
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