TRAGÉDIA

Caso Karol Eller: igreja pode ser investigada por prática de "cura gay"

A youtuber bolsonarista morreu alguns dias após retornar de um "retiro religioso" e anunciar "renúncia da prática homossexual"

Caso Karol Eller: igreja pode ser investigada por prática de "cura gay".Créditos: Reprodução redes sociais
Escrito en LGBTQIAP+ el

Após a trágica morte da influencer bolsonarista Karol Eller, os parlamentares Erika Hilton (PSOL-SP), Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) e Luciene Cavalcante (PSOL-SP) acionaram o Ministério Público Federal (MPF) nesta segunda-feira, 16, para que investigue a igreja Assembleia de Deus de Rio Verde, em Goiás, por suposta prática de "cura gay".

Na ação protocolada pelos parlamentares, a igreja é apontada como responsável pelo retiro 'Maanaim," que oferece as famigeradas terapias de "conversão sexual," ou seja, a tentativa de converter jovens LGBT à heterossexualidade.

De acordo com a ação, Karol Eller, que faleceu na semana passada após anunciar que havia "renunciado à homossexualidade" depois de retornar de um "retiro religioso," teria frequentado o local.

Erika Hilton, Pastor Henrique Vieira e Luciene Cavalcante afirmam na ação protocolada no MPF que "os tratamentos de 'cura gay' são verdadeiras práticas de tortura e agressão a toda população LGBTQIAPN+, cuja orientação sexual ou designação de gênero são características inerentes a cada sujeito, sendo impossível sua alteração."

Além disso, os parlamentares destacam que as "terapias de conversão" são vedadas pelo Conselho Federal de Psicologia e sugerem que a Assembleia de Deus de Rio Verde seja responsabilizada pelos crimes de homofobia, tortura psicológica e incitação ao suicídio.

Entenda

 

A influenciadora bolsonarista Karol Eller faleceu na noite desta quinta-feira (12) em São Paulo. A causa da morte foi suicídio.

Por meio de suas redes sociais, ela publicou uma mensagem em que convocou o Corpo de Bombeiros com o endereço de sua residência e revelou que iria cometer suicídio. "Perdi a guerra", escreveu Karol Eller.

O suicídio de Karol Eller ocorreu após ela anunciar, em setembro, que havia "renunciado à prática homossexual" e aos "vícios e desejos da carne" depois de retornar de um retiro religioso.

Por meio de suas redes sociais, o deputado Nikolas Ferreiras (PL-MG) confirmou e lamentou a tragédia. "Escrevo isso praticamente sem forças, mas infelizmente Karol Eller veio a óbito. Que o Senhor conforte a vida de seus familiares", declarou Ferreira.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também lamentou a morte de Karol Eller. "Com muito pesar mesmo, acabei de receber a notícia do falecimento de Karol Eller. Que Deus, em sua infinita bondade, conforte familiares e amigos. Ela fará falta por aqui", escreveu o parlamentar.

Quem era Karol Eller

Karol Eller ganhou destaque no cenário brasileiro por ser uma pessoa LGBT que apoiava o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Também ganhou notoriedade ao publicar vídeos nas redes sociais em que fazia críticas ao movimento LGBT.

Uma de suas publicações mais polêmicas afirmava que "não é homofobia só porque um gay foi assassinado."

Na última campanha presidencial, Karol Eller gravou um vídeo de apoio a Jair Bolsonaro e afirmou que o ex-presidente "não é homofóbico."

Busque ajuda

Se você estiver passando por um período difícil, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), uma organização que oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio. O telefone de contato é 188.