LEVANTAMENTO

Quaest: Eduardo Leite concentra maioria das críticas em relação à tragédia no RS

Grande parte das menções destacam atropelo do Código Ambiental em 2019 e recebimento de doações via Pix por uma entidade privada

Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.Créditos: Mauricio Tonetto/Secom governo RS
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A influência do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) nas redes sociais disparou durante o mês de maio após as fortes chuvas que devastaram o estado. Segundo levantamento do Índice de Popularidade Digital (IPD) da  consultoria Quaest, divulgado nesta sexta-feira (24), Leite se tornou o político mais citado nas plataformas sociais no período.

No entanto, o recorde de menções não se traduz em popularidade. A análise qualitativa dos dados pela Quaest revela que a maioria das citações ao governador gaúcho seguem negativas, com forte rejeição à sua gestão frente à crise climática. “Esse sentimento positivo, no entanto, fica limitado às redes do governador, enquanto no restante do ambiente digital as críticas são predominantes”, destacou a consultoria.

Em relação a outros governadores, Leite concentrou, sozinho, 48% de todas as menções no ambiente digital, ficando bem à frente dos 20% alcançados por Tarcísio de Freitas (Republicanos), por exemplo. Os demais governadores da pesquisa não ultrapassaram a marca dos dois dígitos. Embora Tarcísio, ex-ministro de Jair Bolsonaro, esteja atrás de Leite nas citações na internet, ele está no topo do ranking de gestores estaduais no IPD, com 70,2, uma pequena vantagem sobre o governador do RS, que alcançou 69,8

Atropelo do Código Ambiental e propagandismo

O desempenho de Leite na interner é o melhor desde o início do ano, representando um crescimento de 58,6% em relação ao índice de abril. O estudo revela ainda que as principais críticas dirigidas ao governador gaúcho envolvem sua atuação na modificação do Código Ambiental do Rio Grande do Sul durante seus dois mandatos, bem como a decisão de permitir que uma entidade privada gerenciasse as doações recebidas via Pix pelo governo estadual. “O Pix não é para o governo, é para a conta de uma entidade privada que é da Associação dos Bancos do Rio Grande do Sul", disse ele em uma entrevista coletiva no dia 7 de maio. Além disso, o governador gaúcho realizou autopromoção durante a tragédia.

Por outro lado, o pico de buscas pelo nome de Leite no Google ocorreu em 15 de maio, coincidindo com a repercussão de seus comentários sobre as preocupações em relação ao impacto das doações de outros estados sobre o comércio local. O pedido de desculpas pela “confusão” gerou ainda mais reações negativas, já que a justificativa não cabia ao que foi afirmado, como explica essa reportagem da Fórum.

O estudo também detectou mensagens de apoio e elogios ao político do PSDB, os tucanos, porém, estes foram predominantemente limitados aos seus próprios perfis. Segundo a Quaest, o governador angariou 590 mil novos seguidores em seus perfis no Instagram e no TikTok desde o início das chuvas, um aumento impulsionado por vídeos que destacavam sua proximidade com a crise, carregados de pessoalidade e urgência, o que o aproximou da imagem de um “porta-voz da situação”. 

Somente no TikTok, as interações do político gaúcho aumentaram em impressionantes 13.000% em comparação com o mês anterior. “Informar sobre os acontecimentos em suas redes pessoais ajudou a angariar uma parte da atenção nacional para si”, apontaram os pesquisadores. O estudo é conhecido por avaliar a performance de personalidades e instituições em diversas plataformas online, como Instagram, Twitter, TikTok, Google, Facebook, YouTube e Wikipédia. 

A métrica utilizada na pesquisa, o IPD varia de 0 a 100 pontos e leva em consideração critérios como presença online, engajamento do público, interesse nas publicações e a diferença entre reações positivas e negativas. 

Intervenção federal 

Uma missão hercúlea e importantíssima diante da maior tragédia climática do Brasil. Foi com esse cenário em mente que o então ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, disse "sim" à Lula no dia 14 de maio para reconstruir 461 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul e grande parte da infraestrutura do estado, além de várias medidas de urgência assinadas pelo governo federal, como o Auxílio Reconstrução, a liberação de linhas de crédito como FGI, FGO, Pronampe e Pronaf/Pronamp, Minha Casa, Minha Vida, entre outras.

Na noite desta quinta-feira (23), Lula ainda anunciou mais uma abertura de um crédito extraordinário no valor de R$ 1,83 bilhão destinado à reconstrução no Rio Grande do Sul. A medida foi oficializada por meio da Medida Provisória nº 1.223/2024, divulgada no Diário Oficial. Serão destinados pelo menos R$ 1.828.262.094,00 em auxílio para o Rio Grande do Sul, como parte dos recursos totais do governo federal, que agora atingem a cifra de R$ 62,5 bilhões ao estado, além de um crédito extra de R$ 189.856.138, do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).