TRAGÉDIA

STF dá 10 dias para Eduardo Leite explicar flexibilização de leis ambientais do RS

Governador realizou modificações em 480 pontos do Código Ambiental do estado em 2019

Eduardo Leite vai ter que se explicar.Créditos: Frame/Mauro Nascimento/Secom
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O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu o prazo de dez dias para que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e a Assembleia Legislativa expliquem uma série de mudanças no Código Ambiental do estado.

Desde 2019, o governador realizou modificações em 480 pontos da legislação ambiental estadual, dentre elas o que deu aval para a  supressão de vegetação nativa em áreas de proteção permanente, colaborando para a intensificação dos efeitos de eventos extremos como as fortes chuvas que atingem o estado e já mataram 162 pessoas.

A decisão de Fachin atende a um pedido do Partido Verde (PV). O Código, segundo a ação, ignora os impactos ambientais e afrouxa a proteção de ecossistemas cruciais. Os advogados do partido também argumentam que o estado não tem competência para legislar sobre tais questões, que são reguladas pela legislação federal. 

O ministro também enviou a ação para julgamento no plenário do STF. Além disso, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) têm cinco dias para se manifestar sobre o caso, após os esclarecimentos de Leite. 

TCU é acionado para investigação

Nesta terça-feira (21), o presidente do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) foi acionado pelo subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado para investigar as alterações feitas na legislação ambiental.

O subprocurador solicitou que o TCU e o Congresso Nacional também avaliem os possíveis impactos ambientais de 25 projetos de lei e três propostas de alteração da Constituição, destacados pelo Observatório do Clima (OC) no início do mês, devido ao risco de ampliar a “destruição ambiental” no Brasil. “Essas são tentativas de modificar a legislação brasileira para diminuir áreas de preservação de florestas e outros tipos de vegetação, relaxar as regras de licenciamento ambiental e mecanismos de fiscalização, ou anistiar grileiros e desmatadores”, observa ele.

Governo de Eduardo Leite atropelou Código Ambiental

No primeiro ano de seu mandato, em 2019, o governo de Eduardo Leite (PSDB) fez alterações no Código Ambiental do Rio Grande do Sul, que passou por nove anos de debates, audiências, refinamentos e sofreu modificações em 480 pontos da legislação ambiental estadual. 

Foram apenas 75 dias para o projeto de Leite passar da apresentação em setembro de 2019 à aprovação pela sua base na Assembleia Legislativa do RS, em 11 de dezembro do mesmo ano. A discussão foi conduzida de forma tão acelerada que sequer passou pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia. Além disso, os técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) não foram consultados. 

Leis ambientais foram suprimidas 

O objetivo das mudanças propostas foi flexibilizar as exigências e beneficiar os empresários, permitindo-lhes, em alguns casos, o autolicenciamento. O texto original foi elaborado em 2000 com a contribuição de José Lutzenberger, uma das principais referências em ecologia no Brasil. Leite conseguiu aprovar sua proposta com o apoio de 37 votos em 2019, provenientes de partidos como PSL, PTB, PSDB, MDB, PP, DEM e outras legendas de direita e centro-direita. 

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