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Após fala desumana de Leite sobre doações ao RS, Canoas pede mais arroz e feijão

Em entrevista, governador gaúcho disse que tem medo de que o "grande volume de doações" atrapalhe o comércio local, mesmo com boa parte dos estabelecimentos submerso pela tragédia das enchentes.

Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, em entrevista.Créditos: Mauricio Tonetto / Secom governo RS
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Após a fala desumana do governador Eduardo Leite (PSDB), que afirmou que o "volume tão grande de doações físicas" que estão chegando para ajuda na tragédia do Rio Grande do Sul causa impacto no comércio local, a prefeitura de Canoas divulgou nota em que pede reforço no envio de alimentos para a cidade, que está recebendo desabrigados de toda a região metropolitana de Porto Alegre.

"A Prefeitura de Canoas, necessita, com urgência, da doação de alimentos não perecíveis e cestas básicas para ajudar as famílias atingidas pelas enchentes e as que estão abrigando outras pessoas em suas casas. Neste momento, é preciso reforçar o estoque com itens como arroz, feijão, macarrão, óleo, extrato de tomate, bolachas, açúcar, entre outros", diz o texto publicado no site da administração do município.

Em entrevista à BandNews, o governador gaúcho Eduardo Leite disse ter medo de que o grande volume de doações ao Estado cause "impacto" no comércio local, desconsiderando que boa parte dos estabelecimentos está sob as águas e que cidades inteiras foram devastadas pela tragédia climática no Rio Grande do Sul.

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“Quando você tem um volume tão grande de doações físicas chegando ao Estado, há um receio, pelo que já observamos em outras situações, sobre o impacto que isso terá no comércio local. Quando você tem uma cidade que foi impactada, um comércio local que foi impactado também, o reerguimento desse comércio fica impactado na medida que você tem uma série de itens que estão vindo de outros lugares do país”, disse o governador tucano.

Com a declaração, Leite ignora orientação do próprio secretário de Desenvolvimento Social, Beto Fantinel, que reconhece que o Estado deve manter parte dos 770 abrigos provisórios funcionando por meses.

Segundo o último balanço da Defesa Civil, divulgado na noite desta terça-feira (14), o Estado tem 79.494 pessoas em abrigos, além de 538.245 desalojados de suas casas.

Terceira cidade mais populosa do Estado, com 347.657 habitantes, Canoas abriga quase 27% do total de pessoas que perderam suas casas. 

A tragédia já deixou 149 mortos e afeta 446 dos 497 municípios gaúchos. Mais de 2 milhões foram afetados pelo desastre climático - cerca de 20% da população do Estado.