CONFLITO

Lira volta a atacar o Supremo após derrotas judiciais

Depois de pazes com Lula, presidente da Câmara vai para cima do STF

Lira tem comprado uma briga com os togados após ver derrotas sequenciais na corteCréditos: Valter Campanato/Agência Brasil
Escrito en POLÍTICA el

Durante um evento do agronegócio neste sábado (27), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), decidiu atacar o Supremo Tribunal Federal e afirmou que vai propor projetos para alterar as disposições de apresentação de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) ao tribunal.

Lira obteve duas derrotas no Supremo na última semana: o tribunal irá dar razão ao governo no âmbito das desonerações e pode rever as transferências diretas, principal fonte de recurso de Lira e sua base. Além disso, o Supremo também pode barrar a votação do Congresso sobre a legalização das drogas, vencendo a PEC ultraconservadora aprovada no Senado.

Lira, então, afirma que vai propor um projeto de lei para rever os agentes que podem abrir ADIs. Atualmente, são autorizados a mover esse tipo de ação o presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, mesas de assembleias legislativas ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal, governadores de estado ou do Distrito Federal, o procurador-geral da República, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, partidos políticos com representação no Congresso Nacional e confederações sindicais ou entidades de classe de âmbito nacional.

“O que é que adianta um projeto com 400 votos no plenário da Câmara e um parlamentar entra com a ADI e um ministro [do STF] dá uma liminar?”. Segundo ele, as ADIs vêm "todos os dias de todos os setores” e as “discussões [jurídicas] nunca findam.”

“Temos parlamentares que têm coragem de enfrentar esse tema”, completou.

Derrotas de Lira

Arthur Lira pode perder sua principal arma de chantagem contra o governo (Foto:
Mario Agra/Câmara dos Deputados)

Lira perdeu sua queda de braço com o governo sobre o tema da reoneração da folha após o tema ser levado para o Supremo. A votação está 5-0 para o governo. O ministro Luiz Fux pediu vistas.

O governo propôs a reoneração da folha de pagamento de vários setores e prefeituras, aumentando a contribuição para o INSS em 20%. O objetivo era cortar o impacto fiscal de R$ 32 bilhões. O Congresso votou contra, mas a questão foi judicializada e Lula deve vencer essa batalha. Em outra circunstância, o ministro do STF, Flávio Dino, ordenou que Arthur Lira e Rodrigo Pacheco expliquem o uso das "emendas pix" para reviver o "orçamento secreto".

Movida pelo Psol, a ação segue denúncia das organizações Contas Abertas, Transparência Brasil e Transparência Internacional. As "emendas pix" são transferências especiais usadas por parlamentares para destinar verbas a suas bases eleitorais.