CARTOGRAFIA

Ex-presidente do IBGE opina sobre novo mapa-múndi com o Brasil no centro

Lançamento da carta geográfica vem gerando intensos debates nas redes sociais

Novo mapa-múndi apresentado pelo IBGE coloca o Brasil no centro do mundo.Créditos: Divulgação/IBGE
Escrito en POLÍTICA el

Desde que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou, na última terça-feira (9), o novo mapa-múndi oficial que consta no Atlas Escolar, trazendo o Brasil no centro do planisfério, usuários das redes sociais têm travado intensos debates. 

Inúmeros países já se retrataram ao centro do mapa-múndi, o que é tecnicamente possível e correto, já que o planeta tem formato esférico e o centro pode ser determinado a partir da perspectiva de quem olha. Opositores ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entretanto, acusam o IBGE, hoje comandado pelo economista Marcio Pochamann, de "lacração", utilizando argumentos equivocados sobre representação cartográfica. 

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente do IBGE, Roberto Olinto, que comandou o instituto de 2017 a 2019, afirmou que essa não é a primeira vez que o Brasil é colocado no centro do mapa-múndi e explicou que a iniciativa segue parâmetros técnicos. 

"Vários países fazem isso. O Japão faz isso, a China faz, tem um mapa-múndi que bota as Américas no centro. Não tem nada de mais, o IBGE já fez isso no passado", declarou. 

Olinto, entretanto, afirmou que, na sua opinião, houve "ruídos excessivos" por conta da maneira que o mapa foi divulgado pelo instituto. 

"Claro que existe uma questão política na discussão de como você faz o mapa, se é eurocentrado ou centrado num país. Isso não deveria ser assunto do órgão de Estado chamado IBGE. O IBGE segue padrões, e esse é possível. A discussão a partir daí é que não deve ser feita", pontuou. 

Entenda

Marcio Pochmann, o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), usou as redes sociais na noite desta quinta-feira (11) para anunciar que entregou ao presidente Lula o novo mapa-múndi oficial brasileiro. Diferente do antigo, que destacava o Norte Global, o novo mapa coloca o próprio Brasil ao centro.

Produzido pelo IBGE e lançado pelo governo Lula, o novo mapa-múndi, segundo Pochmann, é como um símbolo nacional, a exemplo da Bandeira, do Hino, das Armas e do Selo. Protegidos por lei, o uso dos símbolos nacionais deve respeitar padrões de impressão e apresentação por respeito à identidade pátria. Também devem constar, obrigatoriamente, em todos os prédios públicos e militares do país.

Pochmann explica na sua publicação que além dos símbolos nacionais mais tradicionais, outros elementos, como os mapas, também devem ser obrigatórios. “Representam a própria face da Nação”, escreveu.

“O mapa-múndi, elaborado pelo IBGE, tem a marcação dos países que compõem o G20 e dos que possuem representação diplomática brasileira, além de algumas informações básicas sobre o Brasil, como população e área, entre outros dados”, explicou Pochmann.

O lançamento oficial ocorreu na última terça-feira (9), na Casa do G20, no Rio de Janeiro, com o lançamento da 9ª Edição do Atlas Geográfico Escolar. O volume possui versões impressa e digital.

“Como um símbolo da imagem de um país, cabe ao IBGE apresentar às autoridades que representam o Brasil esse novo mapa, essa nova publicação. Inclusive, pois é um dever do IBGE destacar a importância desta publicação na formação do povo brasileiro. E como o Brasil é visto no mundo”, disse o presidente do IBGE sobre a razão da entrega do mapa a Lula.

"Logo após a 'descoberta' pelos europeu do continente americano, o primeiro mapa-múndi foi apresentado pelo italiano Alberto Cantino, em 1502. De lá para cá, a centralidade dos países do Norte Global nas projeções cartográficas, expressão do projeto eurocentrista de modernidade Ocidental. A emergência do Sul Global acompanha o reposicionamento do Brasil no mapa-mundi", declarou ainda Marcio Pochmann. 

 

Temas