“BANDIDO BOM É O QUÊ MESMO?"

CCJ: 25 deputados bolsonaristas votaram para soltar mandante do assassinato de Marielle; veja quem são

São os mesmos parlamentares que costumam defender “penas fortes” e “medidas rígidas” contra criminosos

Chiquinho Brazão.Créditos: Mario Agra/Câmara dos Deputados
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Nesta quarta-feira (10) a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados votou pela manutenção da prisão preventiva do deputado federal Chiquinho Brazão, expulso do União Brasil e apontado como um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

Chiquinho está preso desde 24 de março ao lado do irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e do delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil à época que se encarregou de atrasar as investigações.

Na CCJ, foram 39, dos 65 votos disponíveis, aqueles que mantiveram Brazão atrás das grades. No entanto, o placar foi relativamente apertado e escancarou a hipocrisia dos 25 deputados bolsonaristas que costumam defender “penas fortes” e “medidas rígidas” contra criminosos, mas tentaram soltar um dos assassinos de Marielle.

Confira a seguir quem são eles

Bia Kicis (PL-DF)

Natural de Resende, no interior do Rio de Janeiro, Bia Kicis foi eleita deputada federal pela primeira vez em 2018, surfando na onda do bolsonarismo. Advogada, ativista de extrema direita e youtuber, ganhou notoriedade nas redes sociais com o seu discurso retrógrado. Destacou-se como uma ferrenha defensora do voto impresso e do movimento “Escola sem partido”.

Créditos:Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Cap. Alberto Neto (PL-AM)

O Capitão Alberto é um dos políticos eleitos em 2022 com o apoio do Proarmas. Antes disso se mostrou um grande defensor da Lava Jato e aprovou, em 2019, um “requerimento de louvor” ao então ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro.

Créditos: Agência Câmara

Del. Éder Mauro (PL-PA)

Delegado e bolsonarista ferrenho, Éder Mauro é defensor do garimpo e das armas. Ele já afirmou, em sessão na Câmara, ter matado pessoas, "e não foram poucas", além de ter virado notícia após ofender e ameaçar deputadas de esquerda durante a pandemia. Votou a favor de todos os projetos que liberam armas e flexibilizam as regras para grilagem de terras. Compõe as bancadas do garimpo e do armamentismo civil.

Créditos: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados

Carlos Jordy (PL-RJ)

Jordy é pré-candidato à Prefeitura de Niterói que, de acordo com as pesquisas, deve perder as eleições para Rodrigo Neves (PDT). Ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão na 24ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal deflagrada em 18 de janeiro desse ano. O parlamentar é investigado pelo planejamento, financiamento ou incitação dos atos democráticos de 8 de janeiro. Ganhou maior notoriedade em abril de 2019, quando insinuou que o youtuber Felipe Neto seria indiretamente responsável pelo atentado que deixou 10 mortos em Suzano (SP), em março daquele ano, na escola estadual Professor Raul Brasil. O influenciador digital, então, moveu processo criminal por calúnia e difamação, no qual a Justiça determinou a exclusão da publicação. Antes disso foi analista de planejamento e orçamento na Prefeitura Municipal de São Gonçalo entre 2011 e 2015, e, em seguida, exerceu função de analista administrativo na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), até 2017. Em 2018, foi eleito parlamentar com 204 mil votos, surfando na alta do bolsonarismo.

Créditos: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Julia Zanatta (PL-SC)

A deputada catarinense dispensa apresentações. Sua principal pauta é a questão do armamentismo civil e ela tem forte atuação nas redes sociais, onde costuma exibir suas armas e fazer discursos a favor da pauta. Figura importante do Proarmas, a versão brasileira da NRA - National Rifle Association, dos EUA, é muito próxima de Eduardo Bolsonaro. Também teve destaque na organização da Shot Fair Joinville, uma versão brasileira do Shot Show de Las Vegas, principal feira empresarial dos armamentistas dos EUA. Quando publicou a foto abaixo foi acusada de estimular agressões contra o presidente Lula (PT).

Créditos: Reprodução/Redes Sociais

Marcos Pollon (PL-MS)

Marcos Pollon é o presidente do Proarmas, autor do decreto de Jair Bolsonaro que flexibilizou o porte de armas em 2019 e advogado ligado ao agronegócio. Compõe as bancadas ruralista e armamentista no Congresso. Em 2022, sua organização, forjada ao lado de Eduardo Bolsonaro, Júlia Zanatta e outras personalidades da extrema direita, conseguiu eleger 38 políticos, entre parlamentares federais, estaduais e governadores.

Créditos: Reprodução/Redes Sociais

Pastor Marco Feliciano (PL-SP)

O pastor Marco Feliciano, para além do destaque que ganhou nas redes sociais ao defender as chamadas ‘pautas de costumes’, entrou para o radar das esquerdas em 2013 quando foi eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM). Deputado federal desde 2011 está na sua quarta legislatura. Votou pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, mas meses depois foi contra a cassação do também evangélico Eduardo Cunha.

Créditos: Reprodução

Delegado Bilynskyj (PL-SP)

Eleito deputado federal em 2022 com apoio do Proarmas, Paulo Bilynskyj tem um longo histórico em prol do lobby armamentista e omitiu do TSE que era proprietário de um clube de tiro. Em abril de 2023 chegou a comparar Lula a Hitler para pressionar Flávio Dino, o então ministro da Justiça, contra a revogação dos decretos de Bolsonaro que liberavam as armas. O ex-delegado e digital influencer bolsonarista teve sua demissão aprovada pelo Conselho da Polícia Civil de São Paulo em julho de 2022 passado por incitar a violência política no 7 de setembro que se avizinhava. Com um longo histórico de defesa do neonazismo, sobretudo por conta da memória do próprio avô que teria sido “morto por comunistas”, também foi suspeito de ter assassinado a namorada, Priscila Delgado, em 2020. Clique aqui e saiba mais.

Créditos: Reprodução/Câmara dos Deputados

José Medeiros (PL-MT)

Deputado federal reeleito pelo PL-MT, é autor de Projeto de Lei que busca liberar o garimpo em terras indígenas. Foi vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara e defende não apenas a liberação do garimpo, mas de outras atividades, como a extração de madeira, em áreas indígenas. “A mineração feita pelas grandes mineradores nacionais e internacionais, essas eu nunca vi críticas sobre elas, não importa se causem problemas ambientais ou matem pessoas com barragens”, tergiversou para a Folha o membro da 'bancada do garimpo'.

Créditos: Câmara dos Deputados

Delegado Ramagem (PL-RJ)

Alexandre Ramagem é o delegado da Polícia Federal que foi colocado por Jair Bolsonaro na chefia da corporação. Eleito deputado federal em 2022, enfrenta acusações de que teria contratado milicianos para atuar na sua campanha. Além disso, é apontado como um dos gestores, ao lado do general Augusto Heleno, do escândalo que ganhou o apelido de “Abin Paralela”.

Créditos: Tomaz Silva / Agência Brasil

Marcelo Crivella (Republicanos-RJ)

Famoso pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, Crivella chegou a lançar discos de música gospel nos anos 90 antes de lançar-se à política. Ex-senador pelo RJ (2003-2017) e ex-prefeito do Rio de Janeiro (2017-2021), foi eleito deputado federal em 2022 e automaticamente passou a integrar a bancada da Bíblia. Sua cruzada mais recente é a favor da expansão dos privilégios tributários das igrejas.

Créditos: Fernando Frazão / Agência Brasil

Outros nomes

  • Domingos Sávio (PL-MG)
  • Chris Tonietto (PL-RJ)
  • Dr. Jaziel (PL-CE)
  • Danilo Forte (UNIÃO-CE)
  • Fernanda Pessôa (UNIÃO-CE)
  • Nicoletti (UNIÃO-RR)
  • Dani Cunha (UNIÃO-RJ)
  • Rafael Simoes (UNIÃO-MG)
  • Delegado Marcelo (UNIÃO-MG)
  • Lafayette Andrada (REPUBLICANOS-MG)
  • Roberto Duarte (REPUBLICANOS-AC)
  • Mauricio Marcon (PODE-RS)
  • Felipe Saliba (PRD-MG)
  • Pedro Aihara (PRD-MG)