Alçada à presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com o aval de Arthur Lira (PP-AL), a deputada extremista Carol de Toni (PL-SC) disse que conversará pessoalmente com Jair Bolsonaro (PL) e vai trabalhar para pautar um projeto de anistia para o ex-presidente, que sequer foi julgado no processo sobre a organização criminosa golpista.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, a deputada disse que vai analisar "com mais detalhes" os cerca de 12 projetos de Lei que tratam da anistia aos golpistas de 8 de janeiro, incluindo Bolsonaro que, segundo ela "não cometeu nenhum crime".
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"Vou ter que conversar com o líder [do PL na Casa, Altineu Côrtes], com a minha bancada, com o presidente [da Câmara Arthur] Lira e vamos ver se há esse clima para poder aprovar. Porque realmente existe uma reclamação muito forte por parte dos advogados, das pessoas que participaram de manifestações no 8 de janeiro, de que os advogados não tiveram acesso aos autos, ou de que a sentença não é individualizada, de que teria sido infringido alguns incisos do artigo 5 da Constituição com relação aos direitos dos acusados. Caso haja um apelo social com relação a isso, não vejo problema de pautar esse tipo de projeto", afirmou.
Em seguida, Carol de Toni afirmou que o ex-presidente "vem sendo acusado de muitas coisas que nós entendemos que há um exagero" e fez uma comparação com o caso de Lula, que teve as condenações na primeira instância anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que decretou a parcialidade do atual senador - e ex-ministro de Bolsonaro - Sergio Moro (União-PR).
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"O presidente Lula foi acusado, julgado e condenado pela Justiça em três graus de jurisdição. Aí depois, o próprio Supremo anulou algumas das condenações, tornando ele elegível novamente e ele voltou a ser presidente. Ou seja, tiveram várias movimentações no sentido de uma espécie de anistia pelo presidente Lula. O presidente Bolsonaro, por outro lado, não cometeu nenhum crime. Não vejo que ele tenha cometido nenhum crime para ter sido declarado inelegível. Ele está dentro das quatro linhas da Constituição. Acredito que havendo conveniência, oportunidade, um apelo social, um apelo político. E não farei isso antes de ouvir as bases partidárias, antes de ouvir os líderes e o próprio Bolsonaro. Havendo clima para isso, não há por que não pautar esse tipo de projeto", afirmou, ressaltando que "não é algo que eu veja para logo".
Carol ainda afirmou que fará uma dobradinha com Nikolas Ferreira, eleito presidente da Comissão de Educação, para pautar projetos de interesse do bolsonarismo.
"Nós vamos ver a conveniência e oportunidade de pautá-los. Como deputada de direita, e o deputado Nikolas, que irá presidir a comissão de Educação também, a gente entende que isso é um apelo popular, a gente também merece respeito. As pautas da direita também merecem respeito, porque foram chanceladas nas urnas", afirmou.