Uma cena épica ocorrida na tarde desta quarta-feira (14) na Câmara dos Deputados, numa sessão da CPI do MST, já entrou para a história como um dos maiores esculachos dados em figuras bolsonaristas diante da cachoeira de impropérios e groselhas que a bancada de extrema direita profere diariamente no Legislativo brasileiro. O autor da “obra de arte” foi o professor doutor de Direito da UnB (Universidade de Brasília), especialista em Sociologia do Direito e Direito Constitucional, José Geraldo de Sousa Júnior.
Em meio ao palavrório dos extremistas bolsonaristas, a deputada Caroline de Toni (PL-SC), sempre muito empolada e pouco eloquente, pediu a palavra e despejou um caminhão de clichês contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), encerrando sua grotesca participação sem sequer formular uma pergunta ao participante da sessão. O presidente da comissão, deputado federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), mesmo tendo percebido que não havia questionamento, passou a palavra para o professor José Júnior, que então resolveu dar uma breve declaração sobre a fala da jovem bolsonarista.
“Em respeito à deputada, porque na verdade ela não me fez pergunta nenhuma, né? Eu só queria dizer assim... Octavio Paz, em ‘O Labirinto da Solidão’, diz que quando (Cristóvão) Colombo chegou, (os indígenas) não viram as caravelas... Elas estavam ali fundeadas, mas não havia cognição para poder representar cerebralmente uma imagem que era absolutamente incompatível com o quadro mental de uma cultura que não tinha elementos para visualizar... Por isso que os gregos diziam que ‘teoria’ significa ‘aquele que vê’, o ‘teores’, é ‘aquele que vê’... A gente só vê o que tem cognição pra ver... Eu não tenho como discutir com a deputada porque a sua visão de mundo, a sua percepção como cosmovisão, só lhe permite enxergar o que a senhora já tem escrito na sua cognição... Então a senhora vai ver não é o que existe, mas é o que a senhora recorta da realidade... A realidade é recortada por um processo de cognitivo de historicização... Então, eu não posso discutir um tema que contrapõe visão de mundo, concepção de mundo, entendeu?”, falou, com certo bom humor.
A parlamentar reacionária permaneceu durante toda a intervenção fazendo caras e bocas que davam a entender que, de fato, ela não estava compreendendo nem mesmo o que o acadêmico falava.
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