O ex-presidente Michel Temer, notório por seu trágico governo após o golpe contra Dilma e por ter se tornado uma espécie de “conselheiro político” de Bolsonaro, agora está dando dicas para o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Ele é consultor político da campanha.
Nunes busca a reeleição, mas desde o ano passado tem encontrado algumas dificuldades para se decidir em um dilema: usar ou não o bolsonarismo ao seu favor?
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No ano passado, rejeitou o bolsonarismo. Depois, voltou atrás e topou o apoio de Bolsonaro. Foi aos atos antidemocráticos na Paulista em 25 de fevereiro. A imprensa afirma que o inelegível já escolheu o vice para a chapa de reeleição do prefeito.
E agora, segundo Temer, Nunes tem que ir atrás ainda mais dos bolsonaristas. O atual prefeito tem que tirar uma diferença significativa de Boulos, que lidera praticamente todas as pesquisas.
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O grande problema é que o bolsonarismo e a figura de Bolsonaro tem rejeição grande na capital. Tanto no pleito de governador quanto no presidencial de 2022, a dupla Tarcísio-Jair saiu derrotada na cidade.
Temer compara Nunes a Kubitschek. Em 1955, JK recebeu apoio dos comunistas em sua campanha presidencial. Segundo o ex-presidente golpista, existia temor entre os analistas, afirmando que o mineiro poderia perder apoio por se aliar a um grupo radical de esquerda.
"Quando o Juscelino Kubitschek foi apoiado pelo Partido Comunista [na eleição presidencial de 1955], as pessoas vieram questioná-lo. Ele disse: 'Olha, eu não escolho quem me apoia e não posso recusar votos'. O Ricardo Nunes não pode recusar votos. Sim, ele está atrás dos bolsonaristas, não do Bolsonaro", afirmou o ex-presidente da República (2016-2018), segundo a Folha de São Paulo.
O problema é que a memória sobre o governo Bolsonaro ainda está aí. Rejeitado entre os mais jovens e entre as mulheres, o “bolsonarismo” é indissociável da sua liderança máxima.
Se Nunes se radicalizar, perderá o apoio de um eleitor mais achegado ao PSDB que não encontra em Boulos ou no bolsonarismo um caminho possível. Abre espaço para Tabata Amaral, candidata com baixíssima rejeição, que pretende tirar votos pela via tucana.