O deputado federal Ricardo Salles (PL-SP) declarou que não apoiará a reeleição de Ricardo Nunes (MDB) à Prefeitura de São Paulo nas eleições municipais de outubro nem a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), principal cabo eleitoral da extrema direita.
"Eu não vou apoiar nem subir no palanque, o máximo que vou fazer é me silenciar. Quando houve o acordo de indicação do vice, me comprometi a não criticar e vou cumprir minha promessa", comentou Salles à Gazeta do Povo, em referência ao compromisso firmado com Bolsonaro.
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O ex-ministro do Meio Ambiente defende que a indicação bolsonarista do vice na chapa de Nunes seja confirmada pelo prefeito. Em janeiro, o ex-presidente indicou o coronel Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo, ex-comandante da Rota e responsável pela militarização do Ceagesp durante o mandato de Bolsonaro.
"O nome de Mello Araújo foi indicado pelo Bolsonaro e é fundamental para representar o bolsonarismo na chapa do Nunes. Não tem sentido não ser ele depois de todas as concessões que os bolsonaristas fizeram", argumenta Salles.
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Para ele, caso o nome de Mello Araújo não seja aceito pelo MDB, o bolsonarismo sairia "desmoralizado" do processo eleitoral na capital paulista: "É estranho esse silêncio sobre a indicação do Mello Araújo. Não vejo razão plausível para que não seja ele, que é o candidato que o Bolsonaro quer. Se não for aceito, é uma desmoralização completa do nosso lado", diz o parlamentar.
De acordo com Salles, sua candidatura foi desencorajada pelo núcleo duro bolsonarista em prol "dessa aliança negociada com a promessa de que o Bolsonaro indicaria o vice".
Apoio de Bolsonaro
Salles era cogitado para disputar a prefeitura da capital paulista pelo PL. Em outubro, o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, autorizou a candidatura do deputado federal, porém, ele desistiu da disputa diante do apoio de Bolsonaro à Nunes.
A legenda havia firmado acordo com Salles, no entanto, o alto índice de rejeição ao bolsonarismo na cidade de São Paulo – na qual Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu no segundo turno das eleições de 2022 – resultou na baixa popularidade de Salles nas pesquisas eleitorais prévias.
Salles seria o nome preferido de Bolsonaro. De acordo com o ex-presidente, o partido não pode abrir mão da cabeça de chapa na cidade mais populosa do país e de um candidato que estaria bem articulado no trabalho de candidaturas bolsonaristas na Câmara dos Vereadores da capital paulista.
Bolsonaro avalia que o deputado teria maior popularidade entre o eleitorado paulistano e conseguiria bancar até 8 das 55 cadeiras no legislativo municipal. O ex-ministro dividiria os votos da direita com Ricardo Nunes, o que abriria caminho para uma possível vitória do candidato da esquerda, Guilherme Boulos (PSOL).
Bolsonaro e Nunes
Em setembro, Nunes afirmou que o apoio de Bolsonaro à sua candidatura estava "caminhando" para se concretizar, em entrevista à Folha de S. Paulo. "Acho que é muito importante o apoio do presidente Bolsonaro, é fundamental", declarou, na ocasião.
No último domingo (25), Nunes compareceu à manifestação bolsonarista na Avenida Paulista, em sinal de aproximação a Bolsonaro, o que pode ter vinculado de vez sua candidatura à extrema direita. Seus aliados e interlocutores avaliam que o melhor para ele seria um perfil moderado, mostrando seu lado gestor.
Em suas redes sociais, Nunes publicou fotos no ato, mas escondeu o ex-presidente, sem qualquer foto com o padrinho político. Assim como os simpatizantes bolsonaristas, o prefeito foi ao ato com uma camiseta amarela, mas de uma feira de adoção de animais.