O Ministério Público de Santa Catarina abriu uma investigação contra o prefeito José Thomé (PSD), de Rio do Sul (SC), após censura à uma mostra LGBTQIAP+ na cidade.
O órgão visa apurar se o prefeito feriu a laicidade do Estado, uma vez que usou como argumento os "princípios cristãos" ao não permitir que o evento acontecesse na Fundação Cultural de Rio do Sul nesta quarta (27) e quinta-feira (28). Além disso, também apura se o prefeito promoveu censura e cometeu homotransfobia.
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A denúncia foi feita pelo vereador de Florianópolis Leonel Casamal (PSOL), que também divulgou no X (antigo Twitter) que Thomé "já foi condenado por caixa 2 e também foi acusado pela sua ex-companheira de adultério".
"Santa Catarina vive um estado inconstitucional das coisas, onde a censura e a perseguição nas escolas e a produtores culturais se tornou o novo "normal". Precisamos que as instituições se levantem contra o autoritarismo e a lgbtfobia", acrescentou o vereador.
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Entenda o caso
Nesta quarta-feira (27), José Thomé postou um vídeo em seu Instagram em que afirma que cancelou o evento Transforma, do Festival de Cinema da Diversidade de Santa Catarina, que iria promover uma mostra LGBTQIAP+ em Rio do Sul.
No vídeo, ele diz que proibiu o evento com base "nos príncpios cristãos". “É uma questão de respeito aos princípios cristãos, daquilo que está escrito na Bíblia, e dos princípios da família, como pai de dois filhos, menores de idade, que poderiam, inclusive, participar dessa apresentação, porque a classificação livre, veja bem, tratando de questões de homossexualidade, portas abertas, eu não posso permitir isso”, disse.
O prefeito ainda acrescentou que enquanto for prefeito de Rio do Sul, "isso jamais vai acontecer". "E quero deixar muito claro que não sou bolsonarista, direita radical, nada disso. Isso nem me interessa. Mas eu sou cristão. Sou pai de família", declarou.
Por fim, José Thomé também convocou outros prefeitos do estado a censurarem o evento intinerante que está prevista para acontecer em outras cidades.
Resposta do festival
Em nota, o festival Transforma, criado pela produtora Bapho Cultural em parceria com a Associação em Defesa dos Direitos Humanos com Enfoque na Sexualidade, (ADEH), afirmou que devido à censura do prefeito, todas as atividades culturais do festival foram suspensas na cidade por motivos de segurança.
“Um momento muito triste. Não queremos perpetuar esse tipo de discurso, de violência, de ódio. A gente tá aqui pelo amor, pelo respeito, pelo acolhimento de todas as pessoas, é isso que a Transforma prega, a construção de uma sociedade melhor para todas as pessoas", divulgaram, em vídeo, os produtores da mostra.
O evento ainda reiterou que "em nenhuma dessas produções as premissas de moralidade e integridade são desrespeitadas. Muito pelo contrário, elas retratam com grande respeito a pluralidade e as vivências da comunidade LGBTQIAPN+".