MISTÉRIO

Site revela CNPJ sinistro da campanha de Bolsonaro em nome de laranja que morreu engasgado

Razão social “Eleição SC 2022 Jair Messias Bolsonaro Presidente Ltda” foi criado usando email do tenente-coronel Mauro Cid - o mesmo em que o CNPJ oficial da campanha do ex-presidente foi registrado.

Mauro Cid e Jair Bolsonaro.Créditos: Reprodução/YouTube
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Mais uma informação sinistra envolvendo Jair Bolsonaro (PL) e a fatídica campanha eleitoral de 2022, quando foi derrotado para Lula e teria tramado o golpe, foi divulgada nesta terça-feira (26) pelo site The Intercept.

Reportagem de Paulo Motoryn revela que um CNPJ misterioso, com a razão social “Eleição SC 2022 Jair Messias Bolsonaro Presidente Ltda”, foi criado usando email do tenente-coronel Mauro Cid e tinha como único sócio um homem que morreu engasgado.

A "empresa" foi registrada com o email mauro.cio@presidencia.gov.br - o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro usava mauro.cid@presidencia.gov.br - e está em nome de Rene Moacir Teodoro, morador de Itajaí, que teria sido usado como "laranja".

O e-mail, com a grafia errada, é o mesmo que foi registrado pela campanha oficial de Bolsonaro, em 10 de agosto de 2022.

O CNPJ misteriosos ficou ativo do dia 12 de maior de 2022 até 11 de agosto, um dia após a criação do oficial. 

Em entrevista ao site, a família de Teodoro diz que ele tinha deficiência intelectual e "odiava política". Ele nunca teria tido contato com Bolsonaro ou qualquer apoiador do presidente.

Teodoro morreu após a eleição, em 18 de dezembro, por uma parada respiratória ao engasgar com um pedaço de carne. 

O homem, segundo a família, vivia desde 2015 com benefícios do governo federal. Desde então, o nome dele teria sido usado para o registro de ao menos seis empresas.
 
Como laranja, o homem acumula uma dívida de R$ 1,4 milhão em impostos com a União. Antes de morrer, ele teria sido agredido por um agiota na cidade.

“Meses antes de morrer, um agiota agrediu ele. E feio. Essa gente está envolvida nessa falcatrua, com certeza”, contou um dos irmãos.

Segundo o advogado Martim de Assis Arantes, ouvido pela reportagem, há uma série de ilegalidades no caso.

“Há uma série de situações equivocadas, irregulares e ilegais que podem ter ocorrido. O primeiro passo é entender quem usou a empresa, e se a pessoa estava ligada ao então presidente, ao seu partido ou à sua equipe. Ou, então, se foi utilizada por um terceiro agindo de má-fé em nome do presidente para obter recursos – o que também configura como um crime, só que não ligado a Bolsonaro. Mas, caso tenha sido utilizado para fazer arrecadação irregular, há um problema grave”, afirmou.

Leia a reportagem no The Intercept