O advogado Roberto Bertholdo, que há anos colabora na tarefa de expor os desmandos da Operação Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro, do qual inclusive foi vítima, fez uma postagem nas redes neste sábado (23) explicando de forma detalhada e técnica por qual razão o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), deve ficar muito tempo na cadeia. O oficial do Exército voltou a ser preso na tarde de sexta (22) após prestar depoimento por conta de um áudio aparentemente vazado em que ele se dizia vítima de coação por parte da PF e do STF, com críticas diretas ao ministro Alexandre de Moraes, durante as oitivas de seu acordo de delação premiada.
“A situação de Mauro Cid se complicou muito depois da manobra tresloucada do vazamento da gravação onde ele aparece acusando a PF e o STF. Foi preso novamente, desta vez, principalmente pela prática do crime de obstrução de justiça. Diante deste enquadramento legal, muito dificilmente ele poderá responder a instrução processual em liberdade e nem em prisão domiciliar. Qualquer advogado experiente sabe que as perspectivas de tirá-lo da prisão, agora, apresentam-se como nulas”, começou explicando o advogado.
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Bertholdo, por meio de uma conta que está acostumado a fazer, em decorrência de sua profissão, declarou que Cid deve ficar preso por pelo menos oito anos (sua saída só se daria em 2032), já que diante da nova acusação de obstrução de justiça, além da condenação que receberá pelos crimes dos quais é acusado, sua situação é crítica, ainda que ressalte o caráter “pouco valente” militar, que até desmaiou quando foi informado pela PF que estava preso novamente.
“Considerando os muitos crimes que estão sendo imputados a ele, o ex-ajudante de Bolsonaro deverá ser apenado por, pelo menos, 28 anos. Como a lei de execuções penais assegura a progressão regime, além das possibilidades de remição de pena, creio que ele deverá sair da prisão daqui a 7 ou 8 anos. Entrará com 44 e deverá sair com 52 anos. Assim, o que vai restar para ele, diante desta realidade, será, desta vez, fazer uma colaboração pra valer. Levando em consideração que ele, aparentemente, é daqueles militares “fortes” que choram quando avistam o inimigo à 20 km de distância, as possibilidades dele mudar a sua postura de proteção do seu ex-chefe crescem bastante”, acrescentou.
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Analisando o caso como um todo, Bertholdo ainda disse qual seria sua postura se fosse advogado do ex-presidente de extrema direita, que é o alvo central das investigações que analisam uma penca de crimes, entre eles a tentativa de golpe de Estado do final de 2022 e começo de 2023.
“Caso eu fosse o advogado de Bolsonaro, de tão preocupado que estaria com o meu cliente, não dormiria de hoje até o domingo de Páscoa. Mas o papel do advogado é justamente encontrar, na forma da lei, a melhor estratégia para a oferecer uma saída para o seu representado. Essa turma que tentou o golpe, vai se arrepender de ter forçado a aprovação da lei que acaba com as chamadas saidinhas”, concluiu.