MEDO DA CADEIA?

Wajngarten demonstra desespero com nova prisão de Mauro Cid

Advogado da família Bolsonaro diz que vai descobrir quem gravou o tenente-coronel: "Questão de honra"

Fabio Wajngarten e Jair Bolsonaro.Créditos: Valter Campanato/Agência Brasil
Escrito en POLÍTICA el

Ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro e atualmente advogado do ex-presidente, Fabio Wajngarten demonstrou desespero com a nova prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. 

Cid foi preso nesta sexta-feira (22) logo após prestar depoimento a um juiz de instrução do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para prestar esclarecimentos sobre os áudios vazados e divulgados pela revista Veja em que se diz coagido pela Polícia Federal (PF) a "confessar o que não fez". Diante do juiz, entretanto, Cid negou a coação - mas mesmo assim foi preso por violação de medidas cautelares e obstrução à Justiça. 

Através das redes sociais, neste sábado (23), Wajngarten não conseguiu esconder sua preocupação diante da situação, afirmando que "quem grava um investigado pode gravar outros". O nome da pessoa para quem Cid enviou os áudios e que vazou as gravações à Veja ainda é desconhecido, sendo que o tenente-coronel disse ao juiz de instrução que não se lembra quem seria seu interlocutor. 

"Quem grava um investigado pode gravar outros. Não há mais nenhum espaço para planos tabajaras. Eu vou descobrir novamente quem foi esse 'jenio'. Virou questão de honra", escreveu Wajngarten. 

O depoimento de Cid 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou pública a ata do depoimento prestado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, na tarde desta sexta-feira (22). Logo após a oitiva, o militar foi preso por descumprimento de medidas cautelares e obstrução à Justiça. 

Cid foi obrigado a se apresentar a um juiz instrutor do gabinete de Moraes para prestar esclarecimentos sobre os áudios que enviou a um interlocutor e que foram vazados à revista Veja nos quais critica a Polícia Federal (PF) e diz haver uma "narrativa pronta" nas investigações sobre tentativa de golpe de Estado, joias e falsificação de cartões de vacina. 

Nos áudios em questão, o tenente-coronel, que mantém um acordo de delação premiada com a Justiça, disse ter sido pressionado pela PF durante depoimentos anteriores, sugerindo que foi coagido a "confessar coisas que nunca fez”, fazendo críticas aos policiais e ao próprio Moraes.  

Na nova oitiva para explicar os áudios, entretanto, Cid negou que tenha sido coagido e confirmou o conteúdo de seus depoimentos anteriores. Afirmou que suas declarações nos áudios em questão se deram em um momento de "desabafo", pois estaria, recentemente, "mais sensível". 

Perguntado para quem mandou os áudios, Mauro Cid disse que não se lembra, adicionando ainda que mantém contato com poucas pessoas - a maioria seria familiares e militares próximos. O ex-ajudante de ordens afirmou, ainda, que "perdeu tudo o que tinha" e que o que falou nas gravações foi apenas "uma maneira de se expressar". Isto é, voltou atrás.

Segundo Cid, os amigos o "tratam como leproso", pois ninguém quer ter contato com ele, sua carreira está "desabando" e, nos últimos meses, engordou mais de 10 quilos. 

O militar ainda criticou a revista Veja pelo vazamento dos áudios. "É um desserviço o que a Veja faz ao inquérito, a minha família, às minhas filhas", declarou.