Um novo escândalo envolvendo falsificações e montagens do MBL, um pequeno grupo de extrema direita originário de São Paulo, parece ter ganhado voz e vez nas redes sociais nas últimas horas. Após perícias falsas para acusar o padre Julio Lancellotti de pedofilia e de um deputado estadual cassado por ter ido à Ucrânia e de lá ter enviado mensagens que sugerem turismo sexual em plena guerra, a bola da vez agora é uma jovem, coordenadora nacional do “movimento”, que recentemente ganhou o noticiário por ser de classe média, economicamente resolvida, crítica do Bolsa Família e ter recebido auxílio emergencial durante a pandemia.
Amanda Vettorazzo, uma extremista que faz constantes postagens com falas e provocações odiosas direcionas à esquerda, e que é suplente de deputada estadual pelo União Brasil, em São Paulo, “informou” pelas redes, no início de fevereiro, que sua casa teria sido invadida por alguns homens. Segundo ela, o caso, que teve até alguma repercussão à época, teria sido registrado num boletim de ocorrência e imagens de câmeras do segurança do imóvel teriam registrado os rostos dos criminosos.
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Ainda que membros de MBL estejam acostumados a expor tudo e todos, até em situações forçosas, Amanda disse naquele momento que não revelaria as faces dos bandidos “por orientação do secretário de Segurança Pública” paulista, Guilherme Derrite, um oficial da PM que serviu por anos na Rota e é o xodó da extrema direita pelas matanças que a polícia vem realizando no estado.
No dia em que informou seus seguidores radicais sobre a suposta invasão de seu domicílio por homens que “queriam saber onde ela estava” e que “foram apenas em seu quarto para levar documentos e um cartão de memória”, dando ares de “crime político” para o tal episódio que pretendia dar alguma relevância para a jovem que faz de tudo para aparecer, Amanda postou uma foto dos “peritos da Polícia Civil” realizando uma vistoria minuciosa em seu dormitório. Só que o problema está justamente aí.
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A tal foto seria “teatral”. Inúmeros indícios de que a imagem era uma simulação grotesca já tinham aparecido, mas foi com uma explicação de um perito real e profissional que a nova farsa do MBL veio à tona. O caso ganhou abordagem mais aprofundada após um vídeo do youtuber Tiago Santineli, que expôs ainda explicações de Rodrigo Durães Carlini, um perito 2ª classe da Polícia Civil de São Paulo, que cuidadosamente analisou os absurdos registrados na foto.
O agente diz que por obrigação todos deveriam estar usando uniformes com inscrições em letras garrafais, fosse “Polícia Civil” ou “Perito Criminal”, além de cinturão com alguns apetrechos, entre eles uma arma. O “bolachão”, que é um distintivo obrigatório pendurado no pescoço com uma corrente, também não existe nas três pessoas que aparecem na cena publicada por Amanda. Há ainda uma série de outras irregularidades com os tais “peritos” que aparecem no quarto de Amanda, conforme os prints abaixo.
Há quase dois meses, quando a suposta invasão da casa da jovem teria acontecido, uma das figuras mais conhecidas do MBL, o deputado federal Kim Kataguiri (UB-SP), foi também às redes para bater o bumbo e tentar emplacar a história de “crime político” contra a moça de seu grupo extremista.
“É absolutamente BIZARRO o que aconteceu com a Amanda Vettorazzo agora. Entraram na sua casa, sequestraram sua mãe e não roubaram nada de valor. Na verdade, reviraram o carro da Amanda e levaram os documentos que encontraram. A escala de violência contra os membros do MBL não é novidade, mas está se tornando cada vez mais nítida a tentativa de calar as vozes de quem quer mudar o país. Não vão nos parar”, escreveu Kim, fazendo um malabarismo para tentar colocar seu grupo radical, conhecido pela violência e agressividade, como vítima de violência.
Até o momento, o MBL não respondeu às postagens e informações que revelam que a “perícia” realizada na casa de Amanda Vettorazzo seria uma farsa.