No relatório final da Polícia Federal (PF) em que pede o indiciamento de 17 pessoas, o delegado Fábio Alvarez Shor afirma que, em depoimento, o tenente coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, relatou que recebeu ordens diretas de Jair Bolsonaro (PL) para criar certidões fakes de vacinação contra a Covid-19 para ele próprio e a filha com Michelle, Laura Bolsonaro, de 13 anos.
SAIBA MAIS: PF indicia Bolsonaro, Cid e deputado por fraude em cartões de vacina da Covid
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A ordem dada por Bolsonaro a Cid foi repassada ao major da reserva Ailton Gonçalves Moraes Barros, que foi preso juntamente com o tenente coronel em maio do ano passado, no início das investigações.
Segundo a investigação, a ordem foi dada após Bolsonaro saber que Cid já havia falsificado cartões de vacina para a esposa, Gabriela Santiago Ribeiro Cid e as filhas, Isabela Ribeiro Cid e Giovana Ribeiro Cid, para que pudessem viajar aos EUA.
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"O presidente, após saber que o COLABORADOR
possuía os cartões de vacina para si e sua família, solicitou que o COLABORADOR fizesse para ele também; QUE o ex-presidente deu a ordem para fazer os cartões dele e da sua filha, LAURA BOLSONARO; QUE o COLABORADOR solicitou a AILTON que fizesse os cartões; QUE o COLABORADOR confirma que pediu os cartões do ex-presidente e sua filha LAURA BOLSONARO sob determinação do ex-presidente JAIR BOLSONARO e que imprimiu os certificados; QUE solicitou a inserção de dados no sistema CONECTESUS de sua esposa, filhas, ex-presidente JAIR BOLSONARO e de sua filha, LAURA BOLSONARO; QUE confirma recebeu a ordem do ex-Presidente da República, JAIR BOLSONARO, para fazer as inserções dos dados falsos no nome dele e da filha LAURA BOLSONARO; QUE esses certificados foram impressos e entregue em mãos ao presidente", diz trecho do depoimento de Cid destacado pela PF no inquérito - leia a íntegra ao final da reportagem.
De acordo com a investigação, Cid usou o próprio login para imprimir os certificados fraudados em um computador dentro do Palácio da Alvorada, em 27 de dezembro de 2022, para que Bolsonaro pudesse entrar nos EUA, para onde fugiu dois dias depois, antes da posse de Lula.
"Os registros de log de impressão das impressoras instaladas no Palácio da Alvorada e utilizadas pela Ajudância de Ordens do Presidente da República, encaminhados pela Diretoria de Tecnologia da Presidência da República, revelaram que no dia 27/12/2022, o usuário “maurocbc”, pertencente ao Chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, MAURO CESAR CID, imprimiu dois arquivos denominados “Covid 19 National Vaccination Certificate” e “Carteira Nacional de Vacinação Digital”, utilizando a impressora de nome “gp-ajo-alvoradamfcolor-01”, modelo “RICOH Aficio MP C305 PCL 6”, número de série: “W794P506384”. Conforme já exposto, a referida impressora estava instalada na Ajudância de Ordens do Palácio do Alvorada, residência do então Presidente da República JAIR BOLSONARO", diz o relatório.
Mauro Cid relatou ainda que o coronel Marcelo Câmara, que também atuava na ajudância de ordens da Presidência, rasgou as certidões e deu início, em seguida, a uma operação para excluir os dados do sistema do SUS e "apagar os rastros das condutas criminosas", segundo a PF.
Além de Bolsonaro e Cid, a PF indiciou outras 15 pessoas que atuaram na organização criminosa. Veja quem são:
- Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Mauro Barbosa Cid, coronel do Exército e ex-ajudante de ordens da Presidência da República;
- Gabriela Santiago Cid, esposa da Mauro Cid;
- Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal (MDB-RJ);
- Luis Marcos dos Reis, sargento do Exército que integrava a equipe de Mauro Cid;
- Farley Vinicius Alcântara, médico que teria emitido cartão falso de vacina para a família de Cid;
- Eduardo Crespo Alves, militar;
- Paulo Sérgio da Costa Ferreira
- Ailton Gonçalves Barros, ex-major do Exército;
- Marcelo Fernandes Holanda;
- Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias;
- João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo de Duque de Caxias;
- Marcelo Costa Câmara, assessor especial de Bolsonaro;
- Max Guilherme Machado de Moura, assessor e segurança de Bolsonaro;
- Sergio Rocha Cordeiro, assessor e segurança de Bolsonaro;
- Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora de Duque de Caxias;
- Célia Serrano da Silva.
Leia a íntegra do relatório (parte 1 e parte 2)