Um levantamento da Agência Pública publicado na quinta-feira (29) mostra um punhado de parlamentares bolsonaristas que financiaram, na última semana, a divulgação da fake news da senadora Damares Alves e de seus endinheirados aliados evangélicos sobre uma macabra e suposta epidemia de tráfico humano e crimes sexuais contra crianças e adolescentes no arquipélago do Marajó, no Pará.
A desinformação começou a ser disparada em massa a partir de 20 de fevereiro, quando viralizou um vídeo gravado cinco dias antes na apresentação da cantora Aymée Rocha que, em show de talentos evangélicos, denunciava os supostos crimes cometidos em massa na região. Influenciadores digitais de grande alcance também compartilharam o vídeo, bem como a página do Instituto Akachi, que é ligado aos aliados de Damares e pedia doações para "salvar as crianças".
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Os 6 políticos listados pela Agência Pública teriam começado a financiar publicações sobre o episódio em 24 de fevereiro, na véspera da manifestação em prol de Jair Bolsonaro (PL) na Avenida Paulista. Segundo o levantamento, os parlamentares bolsonaristas, em conjunto, tiveram a capacidade de levar a fake news para pelo menos 80 mil usuários do Facebook e Instagram. A cifra foi medida a partir das “impressões” geradas pelas publicações. Além disso, a narrativa mentirosa serviu também para mobilizar apoiadores do ex-presidente a comparecerem na manifestação do último dia 25.
Os nomes citados são dos deputados federais Luciano Galego (PL-MA) e Maurício Neves (PP-SP); do deputado estadual Coronel Neil (PL-PA); da veradora Lú Bittencourt (PL-SC) de Navegantes; e dos vereadores paulistanos Reinaldo Digilio (PRB) e Lucas Ferreira (sem partido). Veja a seguir quem são e o que postaram.
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Coronel Neil
Além de deputado estadual no Pará, o militar também é ex-superintendente regional do Incra. Sua postagem sobre o caso foi a que mais teve alcance, chegando a 10 mil impressões entre 24 e 26 de fevereiro segundo dados do NetLab/UFRJ. Ele também impulsionou postagens que convocaram para a manifestação de Bolsonaro.
Na publicação sobre o escândalo Damares-Marajó, o bolsonarista se utilizou do vídeo de Aymée Rocha como gancho para abordar o assunto e publicou imagens ao lado de Damares.
Lú Bittencourt
Já a vereadora Lú Bittencourt, de Navegantes (SC), obteve cerca de 8 mil impressões em postagem patrocinada de 26 de fevereiro. Ela também usou o vídeo de Aymée Rocha. Em 27 de fevereiro voltou a publicar sobre o assunto.
Lucas Ferreira e os outros
Por sua vez, o vereador paulistano Lucas Ferreira, que está sem partido, fez duas publicações divulgando as campanhas de doações do Instituto Akachi a partir de 23 de fevereiro. Juntas, alcançaram mais de 10 mil usuários.
Já as informações a respeito de Digilio, Neves e Galego não foram expostas pela matéria supracitada. Supõe-se que financiaram conteúdos semelhantes aos dos colegas, mas com menor alcance.