A Polícia Federal deflagrou, simultaneamente, as operações Autogiro e Redneck Supply junto da Polícia Civil de São Paulo, com o objetivo de combater uma organização criminosa associada ao tráfico internacional e interestadual de drogas, na manhã desta quinta-feira (22).
A operação tem como objetivo a prisão dos responsáveis pela logística de reabastecimento das aeronaves, bem como dos pilotos que realizavam os voos clandestinos, sem plano de voo e com os certificados de autorização de aeronavegabilidade suspensos.
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As investigações apontam que a organização criminosa utilizou helicópteros no transporte ilícito de grande quantidade de drogas, produzidas na Bolívia e introduzidas no Brasil pelo Paraguai, na conhecida "rota caipira" – por isso, o nome "Redneck Supply" (abastecimento caipira, da tradução livre do inglês).
A retirada e distribuição partiam dos pontos de logística localizados em Paraguaçu Paulista (SP) e Anicuns (GO), onde ocorria o reabastecimento de combustível. Desses locais também era recolhida parte da substância para distribuição em grandes cidades, por via rodoviária.
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Os agentes apreenderam oito aeronaves usadas para o transporte das substâncias, sete no Brasil e uma na Bolívia, avaliadas em R$ 20 milhões, além de 676 kg de cocaína. A denominação "Autogiro" é uma referência à invenção que deu origem ao helicóptero, característica singular na atuação do grupo de tráfico.
A PF cumpriu um total de 65 mandados judiciais, sendo 18 mandados de prisão temporária e 47 mandados de busca e apreensão, em cinco estados do país: Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Roraima e São Paulo. Além do tráfico, os alvos são investigados por associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e homicídio doloso.
A Polícia Civil de São Paulo cumpre 13 mandados de prisão temporária e outros 25 de busca e apreensão expedidos pela Justiça estadual em Paraguaçu Paulista. As investigações iniciaram após registros de duas ocorrências no município, uma de desaparecimento de pessoa e veículo e outra de falsa comunicação de furto de carro.
Os dois veículos foram encontrados carbonizados na zona rural da cidade. Segundo as investigações, a pessoa desaparecida integrava a organização criminosa e teria sido condenada internamente, pelo roubo de uma carga de 250 kg de cocaína após pouso clandestino, em abril do ano passado.
Por sua vez, a PF, por meio da Delegacia de Repressão a Drogas de Goiânia, cumpre cinco mandados de prisão temporária e 22 mandados de busca expedidos pela Vara Federal de Goiânia.
PF em Ponta Porã
A Polícia Federal também deflagrou, nesta quinta-feira, a Operação Rota do Crime 3, contra uma organização criminosa com atuação no tráfico de entorpecentes e no comércio ilegal de armas de fogo. Esta é a terceira fase da operação, iniciada em novembro de 2022, que visa desmontar o grupo de Ponta Porã (MS).
A organização introduz no país drogas e armas de fogo através de um esquema que conta com empresas de fretes terceirizadas. Ponta Porã é um município na divisa entre o Brasil e o Paraguai, importante na rota do tráfico internacional de drogas.
Na cidade, a PF e a Receita Federal deflagraram, também nesta quinta-feira em Ponta Porã, a Operação Partidas Dobradas, voltada para a desarticulação de grupo criminoso especializado no registro de mais de 35 mil notas fiscais "frias", que acumulam um valor aproximado de R$ 200 milhões.
Os documentos fiscais serviam de suporte para o transporte irregular de produtos variados – eletrônicos, agrotóxicos, pneus, entre outros – em território nacional. De acordo com a PF, drogas, armas e mercadorias de maior valor agregado eram contrabandeadas junto dos materiais.
A organização criava empresas "fantasmas" por curto período de tempo para receptação dos bens estrangeiros e, então, as descartava e substituía. O transporte ilícito era realizado por solicitante ou terceiros, em algumas ocasiões.